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O emblemático Espaço Cultural da 508 Sul será fechado definitivamente em setembro
GDF decidiu fechar o Espaço Cultural Renato Russo

Alexandre Ribondi –

Brasília - Depois de ver o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), desviar, de uma só vez, R$ 25 milhões destinados aos artistas e produtores vencedores do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), a capital da República deve se preparar para mais um golpe. O Espaço Cultural Renato Russo (ECRR), um conglomerado de salas e ateliês que funciona ininterruptamente desde a sua reabertura em 30 de junho de 2018, vai ser fechado.

A atual direção do ECRR tem um contrato com a Secretaria da Cultura até dezembro de 2019. Mas a confirmação da renovação do contrato é para ser dada em setembro desse ano. No entanto, o Espaço Cultural já foi informado que as portas serão fechadas em setembro. E de maneira definitiva.

Quando o FAC sofreu o calote, Ibaneis Rocha, responsável pela ação considerada ilegal, declarou que o dinheiro iria ser usado para a reforma da sala Martins Pena do Teatro Nacional Cláudio Santoro (obra criada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1950 e fechada desde dezembro de 2013). Nessa justificativa, dada de maneira desastrosa, o governador foi acompanhado pelo secretário de Cultura do Distrito Federal, Adão Cândido, um burocrata que sempre habitou a Esplanada dos Ministérios e que, desde o início do ano, foi içado para o governo brasiliense.

Mas, na verdade, o próprio Ibaneis Rocha afirmou que não aceitaria qualquer diálogo com a classe artística local ou com parlamentares desejosos de intervir, porque “os artistas falam mal de mim”.

Dessa forma, é natural que se pense que o fechamento do Espaço Cultural Renato Russo se deva aos mesmos motivos emocionais - uma vingança que se come no calor da mágoa. Mas a explicação oficial é a que o Palácio do Buriti e a Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) estão se preparando para uma parceria que criaria espaço para oficinas de economia criativa “em todo o DF”.

A expressão está, definitivamente, na moda. Recentemente, Adão Cândido informou que o órgão que ele dirige passou a se chamar Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Mas o que é isso? É, por definição, “o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico”.

Dito assim parece ser iniciativa bem vinda porque visa a estimular a geração de renda, produção de receitas de exportação e criação de empregos. Na verdade toda essa movimentação vai encerrar o empreendimento governamental na área da cultura que mais deu certo no Distrito Federal. Desde a sua abertura, o Renato Russo tem suas salas e dependências lotadas pelo público que vai aos espetáculos ou por brasilienses que desejam fazer cursos gratuitos em áreas culturais.

A OEI, organização intergovernamental internacional, que se dedica a projetos em ciência, educação e cultura, deveria se atentar ao projeto com o que pretende se envolver. Trata-se de uma iniciativa lançada por um governo local que, à semelhança do governo federal, tem como objetivo desmantelar a cultura e a educação pública, usando, para isso, um discurso progressista de caráter duvidoso.

O secretário de Cultura, que até recentemente desconhecia a área, não conhece a cultura produzida no Distrito Federal e parece desprezá-la, a ponto de se recusar a comparecer a reuniões e assembleias de artistas e produtores. Já Ibaneis é homem incapaz de demonstrar respeito e admiração pela cidade que governa.

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