"A vida é de quem se atreve a viver".


Tucanos rondam o Palácio por acharem que Temer não chega a 2018
Calero denuncia Geddel, Padilha e Temer por tráfico de influência

Romário Schettino -

O claudicante governo Michel Temer sofreu mais um abalo nas últimas semanas. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero provocou desconforto na cozinha do Palácio do Planalto, deixou o cargo e saiu atirando.

Este assunto está submergido com o escândalo Renan Calheiros x STF, mas não está morto. A qualquer momento vai renascer das cinzas. O PSDB está incomodado e alimenta a possibilidade de Temer não resistir até 2018, tamanho é o descalabro deste governo. O presidente não dorme direito, o fantasma do golpe não permite o sono tranquilo. Fontes palacianas falam em necessidade de ingerir soníferos. 

O tucanato de alta plumagem estuda, inclusive, alternativas para uma eventual derrocada de Michel Temer. Falam em Almino Fraga ou Nelson Jobim. Tudo não passa da mera especulação, por enquanto.
 
Em relação ao escândalo do MinC, Calero, por precaução gravou tudo e entregou para a Polícia Federal. A primeira reação dos governistas foi tentar desqualificar o denunciante acusando-o de ter sido desleal por ter gravado conversas com presidente da República, com o então secretário de Governo Geddel Vieira Lima, com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e outros funcionários graduados. Acusaram também Calero de ter pretensões políticas no Rio de Janeiro.

Para contestar essa acusação, Calero criticou o senador Aécio Neves (PSDB), que saiu em defesa de Temer. O ex-ministro disse que não confunde lealdade com cumplicidade. “Como servidor, não posso compactuar com ilegalidades”, afirmou. O ex-ministro lembra que votou em Aécio no segundo turno, mas alega que está decepcionado.

O Ministério Público pediu para ouvir as gravações à PF, mas ainda não decidiu o que fazer com elas. O curioso é que no caso dos grampos ilegais divulgados pelo juiz Sérgio Moro para impedir a posse de Lula no governo Dilma, o efeito foi imediato. A TV Globo divulgou em horário nobre o conteúdo dos diálogos e o ministro Gilmar Mendes se encarregou de fechar as portas para Lula.

Após o golpe, surgem os desvios dos ministros e aliados no Congresso Nacional. Dessa vez, o motivo da discórdia foi a pressão de Geddel para que fosse modificada a decisão do Instituto Nacional de Patrimônio Histórico (Iphan) de vetar a construção de um edifício de 30 andares em área tombada na Bahia, o La Vue Ladeira da Barra, quando a altura permitida é de 15 pavimentos.

A gravidade desse episódio é o tráfico de influência cometido por um ministro em benefício próprio. Geddel confessa ter comprado, por R$ 3 milhões, um apartamento no 22º andar do empreendimento.

Diante da resistência do Iphan e do ministro da Cultura, Geddel apelou para Michel Temer, que se dispôs a pedir “paciência” a Calero. A orientação do presidente era remeter o caso para a Advocacia Geral da União (AGU) sob o argumento de que se tratava de conflito entre ministérios.

Calero contesta: “Não há conflito nenhum. É o Iphan que dá a palavra final. O interesse de Geddel era pessoal, não tinha nada a ver com sua pasta e o assunto não deveria ter ido para a sala do presidente”.

Diante da insistência do ministro Eliseu Padilha para que o tema fosse para a AGU, Calero entregou o boné. Para o seu lugar foi Roberto Freire (PPS), aliado desde o inicio da trama golpista que derrubou Dilma.

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