“Arte Democracia Utopia – Quem não luta tá morto” - este é o nome da exposição que será aberta neste sábado, 15 de setembro, das 16h às 21h, no Museu de Arte do Rio (MAR), que fica na Praça Mauá, Centro. A mostra é assinada por Moacir dos Anjos, um dos mais importantes curadores do país, e faz parte da comemoração dos cinco anos da inauguração do museu. Entrada gratuita.
Moacir dos Anjos, que tem passagens pelas Bienais de São Paulo e de Veneza, explica que a frase “quem não luta tá morto” é gritada por muitas e muitos dos que “teimam em construir, em estado de constante disputa, lugares e tempos mais generosos e inclusivos”.
Segundo o curador, essa “é uma frase dita bem alto, em particular, por aquelas e aqueles que buscam fazer valer, no Brasil, o direito constitucional à terra e à moradia. Frase que sintetiza a certeza vital que move a construção utópica: a impossibilidade de estancar a busca do que se deseja e do que se precisa. Mas se a única alternativa à morte é a luta, é dolorosamente claro que a luta não impede a suspensão da vida, que quem luta também morre – com frequência justo por sua combatividade, por sua gana de inventar um mundo mais largo. Gente que é morta por querer impedir as mortes lentas que a existência precária fabrica, espelho das desigualdades abissais que fundam e estruturam o país. As mortes de quem luta se transformam, por isso, em imperativo ético de resistência para quem fica; de fazer valer, a despeito de tudo, o valor da vida”.
E acrescenta Moacir dos Anjos: “Se o assassinato de Marielle Franco é tentativa bárbara de sustar a potência da vida imaginada que a movia, o surgimento de mais e mais pessoas dispostas a publicamente sustentar e assumir, para si, as lutas pelas quais ela foi morta, é a tradução concreta da expressão Marielle Vive. Adotar aquela palavra de ordem como título da exposição é, portanto, querer estar junto, é querer fazer multidão. É lembrar que, enquanto houver desigualdades de acesso à condição de vida que para alguns já existe há muito, a história não tem fim".
Sem ter pretensão de apresentar um panorama conclusivo, a mostra traz exemplos do pensamento utópico que marca a arte brasileira recente. Trabalhos artísticos realizados em momentos passados também estarão presentes, além de propostas e ações realizadas por grupos comunitários, associações e outras articulações da sociedade civil que visam à construção de estruturas de atuação política e social.
A exposição terá sete trabalhos comissionados, como o de Virginia de Medeiros, que dá nome à mostra. Os coletivos Amò e #cóleraalegria, assim como Graziela Kunsch, Raphael Escobar, Traplev e Jota Mombaça completam o time de artistas que criaram trabalhos para a essa mostra.
Nomes consagrados, como Anna Maria Maiolino, Claudia Andujar, Paulo Bruscky e Cildo Meireles também participam.
As atividades não ficarão restritas às galerias do museu. Para colocar em prática o projeto de expandir o diálogo, os arquitetos do Estúdio Chão criaram o projeto Transborda, que ocupará os pilotis com estruturas lúdicas e arquibancadas onde acontecerão encontros, debates e atividades da Escola do Olhar.
O evento de abertura contará com shows, performances, intervenções artísticas, entre outras atividades culturais.
Confira a programação completa:
Apresentação: VJ Lê Pantoja
16h - 21h - Feira com Refugiados (Mawon)
16h - 17h30 - DJ Tata Ogan
17h30 - 17h50 - Mawon convida Rebel Layonn (Haiti), Bob Selassie (Haiti) e Papa Babouseck (Senegal)
17h30 – 18h10 - Intervenção Passinho - Poesia dos Pés (Pavilhão)
17h50 – 17h55 - Poetas Favelados
17h55 – 18h10 - Dj Seduty (Funk)
18h10 – 18h30 - Intervenção Passinho - Poesia dos Pés (Pilotis)
18h30 – 18h40 - DJ Tata Ogan
18h40 – 19h10 - Bia Ferreira e Doralyce
19h10 – 19h15 - Poetas Favelados
19h15 – 19h35 - DJ Tata Ogan
19h35 – 19h50 - Tipoema: Movimento 5 (Claudio Santos, Fabiano Fonseca e Sérgio Mendes)
19h50 – 20h - “e para que poetas em tempo de pobreza?” 2018 (Carlos Adriano)
20h – 21h - (Pocket Show) Jards Macalé.