A Comissão de Seleção do 23º Troféu Câmara Legislativa (Mostra Brasília), do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, excluiu o filme “3 Refeições”, da diretora Maria Maia, afirmando que “era um filme político”. A única a votar contra “essa censura” foi Kakau Teixeira.
A notícia circula como uma bomba nas redes sociais acompanhada de um chamado à manifestação, “um grito de revolta”, contra “esses que estão matando a liberdade de expressão no país”.
Maria Maia divulgou nota oficial denunciando a censura praticada pela Comissão nomeada pela Câmara Legislativa.
“A Comissão de Seleção da Mostra Brasília da Câmara Legislativa do DF excluiu do Festival de Brasília o filme “3 Refeições”. Longa-metragem sobre dois personagens, Antônio Conselheiro e Lula, tendo como enredo a fome histórica que Lula mostrou ser possível acabar. O argumento obtuso usado pela Comissão censora foi de que o “3 Refeições” é um filme político, como se essa atitude censora não fosse também política, da pior política, da política fascista. É terrível que a censura que se impôs nos meios de comunicação do país, mídia golpista, pelo golpe de 2016 a toda realidade brasileira tenha chegado ao glorioso Festival de Brasília, que tem uma tradição de luta contra a censura e o arbítrio. Abaixo a censura!”, afirmou Maria Maia.
Essa atitude da Comissão da CLDF, à exceção do voto de Kakau Teixeira, é lamentável e merece todo o repúdio possível. Aliás, a CLDF não tem passado digno capaz de a ajudar a apresentar como Casa Legislativa democrática e defensora da liberdade de expressão.
A propósito da polêmica desencadeada pela retirada do filme “3 Refeições” do certame Troféu CLDF, Kakau Teixeira disse, no Facebook, que “é equivocado dizer que a Comissão cometeu censura. Se o filme tivesse sido selecionado e a exibição proibida aí sim o argumento censura caberia. Elegante como é, Maria Maia sabe que houve escolha. Não houve censura”.
Os premiados do 23º Troféu CLDF, o longa-metragem e os curtas, serão conhecidos dia 23 de setembro.
Para que todos conheçam os nomes que compõem essa vergonhosa Comissão, seguem os nomes e seus breves currículos:
Adriano de Angelis - Jornalista, coordenador do Núcleo Audiovisual Ação da Cidadania e do projeto Laboratório Audiovisual Ação da Cidadania, que atua com formação profissional e aceleração de projetos de realizadores audiovisuais de periferias.
Diana Svintiskas - Jornalista, com especialização em Cinema Documentário Criativo, em Buenos Aires (Argentina), e mestrado em Estudos de Cine e Audiovisual Contemporâneos, em Barcelona (Espanha), é diretora e roteirista de vídeos institucionais, educativos, séries de TV e documentários. Com mais de 15 anos de atuação, dirigiu e coordenou séries como "Tradições Brasil", para o Ministério do Turismo, e "Taxista Empreendedor", para o Sebrae, com exibição na TV Brasil.
Núbia Santana - Nasceu no sertão do Pajeú pernambucano, é graduada em Artes Cênicas e trabalhou como atriz e diretora de teatro. Adaptou peças de Tennessee Williams, Frederico Garcia Lorca e Ariano Suassuna. É diretora de cinema desde 2002, iniciando com o curta-metragem "Alastrado". Em 2005, dirigiu e roteirizou o curta "Degraus", exibido na Mostra Internacional de São Paulo e no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Em 2008, dirigiu e roteirizou, com a colaboração de Di Moretti, o longa documentário "Pra Ficar de Boa", que estreou na Mostra Brasília do 41º Festival de Brasília e participou da 11ª Mostra de Cinema de Paris.
Péterson Paim - Graduado em Cinema e em Química, mestre e especialista em Vídeos Educativos pela UnB, diretor e roteirista da produtora Paim Filmes, produziu, escreveu, editou, fotografou e dirigiu quatro longas-metragens e cerca de 40 curtas e médias-metragens de vários gêneros. Foi premiado com o Troféu Câmara Legislativa do DF, em 2013, pelo longa "Cidadão Brazza". Ganhou outros prêmios na Inglaterra e nos Estados Unidos pelo curta-metragem "O dom de Quixote".
Kakau Teixeira - Jornalista e radialista, é graduada também em Artes e especialista em Teatro, pela Fundação Brasileira de Teatro - Faculdade Dulcina de Moraes. Atua na cobertura jornalística da área cultural há mais de 25 anos. Foi repórter, editora e apresentadora da Rádio Cultura (Brasília), produtora cultural e assessora de imprensa de eventos artísticos e culturais, entre eles, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Cine Ceará, Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás. Integrou a equipe de programação do Cine Brasília até setembro de 2017, quando aposentou-se da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.