"A vida é de quem se atreve a viver".


Déo Garcêz no papel de Luiz Gama, peça dirigida por Ricardo Torres.
Uma boa hora para conhecer Luiz Gama, patrono da abolição

Romário Schettino -

Peça dirigida por Ricardo Torres, com Deo Garcez e Soraia Arnoni, em temporada até o dia 27 de setembro, sempre às quartas e quintas-feiras, às 19h, no Teatro Glauce Rocha (Av. Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro). Ingressos na bilheteria do teatro (21-2220-0259).

Essa é uma excelente oportunidade para se conhecer um pouco mais da história do Herói Nacional e Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil: Luiz Gonzaga Pinto da Gama, ou Luiz Gama, nascido em Salvador (21/6/1830), e falecido em São Paulo (24/8/1882). Os títulos honoríficos foram concedidos em 2015, por iniciativa do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

O Brasil vive um momento de sua história em que a intolerância crescente põe em risco a vida em sociedade. É preciso refletir sobre o aumento da violência contra as mulheres, o racismo e o ódio às manifestações artísticas. Ir ao teatro pode nos ajudar a pensar de onde vem tudo isso e como fazer para impedir o avanço do atraso.

Luiz Gama – jornalista, orador, poeta, escritor e advogado –, foi a grande voz negra em defesa da abolição da escravidão no Brasil. Como advogado autodidata, profundo conhecedor das leis, conquistou judicialmente a própria liberdade. A partir dessa experiência, passou a atuar nos tribunais em prol dos escravos, sendo, aos 29 anos, autor consagrado e considerado "o maior abolicionista do Brasil". Mais de 500 escravos foram libertados por ele, que não poupava duras críticas aos juízes da época por não respeitarem os direitos previstos na lei do ventre livre e na lei que pôs fim ao tráfico negreiro.

Ativista da causa republicana, Luiz Gama (ilustração abaixo) morreu sete anos antes do golpe que derrubou a monarquia brasileira. Seus escritos e discursos sempre denunciaram a violência social e o racismo.

 

A peça em cartaz, dirigida pelo experiente Ricardo Torres, conduz a plateia à vigorosa biografia de um herói nacional que ainda precisa ser conhecido pelos brasileiros. As escolas poderiam levar seus alunos ao teatro, ou o teatro poderia ser levado às escolas, fica a sugestão. O cenário é mínimo, duas cadeiras e uma mesinha, e o excelente elenco, Deo Garcez e Soraia Anoni, cumpre muito bem o papel de contadores de história emotivos e convincentes.

A estreia dessa temporada no Teatro Glauce Rocha contou com a presença da escritora negra Conceição Evaristo, que disputou vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) e perdeu para o cineasta Cacá Diegues. Ela considerou importante a iniciativa de tornar pública a história de personagem tão significativo e fundamental para a cultura negra brasileira.

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