"A vida é de quem se atreve a viver".


São cerca de 800 itens para ver, apreciar e aprender sobre a história do samba
Um samba no MAR

Romário Schettino -

Só mesmo no Rio de Janeiro é possível você ir à abertura de uma exposição sobre a história do samba, assistir a um show intimista de Martinho da Vila e acabar a noite na Lapa ao som do Grupo Arruda (com Maria Menezes no vocal) no Baródromo. Tudo isso no sábado 28 de abril.

O Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), localizado na Praça Mauá, comemora os seus cinco anos de existência com uma grande, enorme, exposição com o sugestivo nome de "O Rio do samba: resistência e reinvenção".  Os cerca de 800 itens, que ocupam o andar térreo, a Sala de Encontro, o terceiro andar da instituição, ficam abertos à visitação gratuita, até março de 2019. É uma exposição para ser vista em várias etapas, com calma e tempo para apreciar cada uma das preciosas peças recolhidas em vários cantos do Brasil e ler as informações cuidadosamente escritas e supervisionadas pelos curadores.

O time de curadores, que reúne nomes como os de Nei Lopes, Evandro Salles, Clarissa Diniz e Marcelo Campos,  mergulhou na história do samba carioca explorando os aspectos sociais, culturais e políticos do mais brasileiro dos ritmos musicais. É uma homenagem ao povo que deu origem a este universo artístico inigualável no mundo inteiro.

A ideía, segundo os curadores, é tratar dessa complexidade cultural percorrendo a "história social desse fenômeno  em três etapas: da Herança Africana ao Rio Negro, da Praça Onze às Zonas de contato e Viver o Samba. Esperamos que esta história nos faça resistir às armadilhas da intolerância e reinventar a alegria, com a força da ancestralidade".

É por isso que lá estão expostas peças usadas pelos escravos, objetos do candomblé, além de obras de Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Heitor dos Prazeres e Ivan Morais; fotografias de Marcel Gautherot, Walter Firmo, Evandro Teixeira, Bruno Veiga e Wilton Montenegro; desenhos de Santa Rosa; gravuras de Debret e Lasar Segall; parangolés de Hélio Oiticica; obras de Abdias Nascimento; joias originais de Carmem Miranda.

Uma instalação de Carlos Vergara utiliza-se de restos de fantasias e nos remete ao sonho do carnaval popular. O carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, e o convidado Ernesto Neto, criaram uma instalação interativa onde os visitantes batem bumbos numa sala repleta de materiais e fotografias de carnaval do passado e do presente.

O samba é tão contagiante e está tão impregnado na alma do brasileiro que um artista como Martinho da Vila é capaz de cantar acompanhado apenas de um violão e um pandeiro e fazer todo mundo entoar a música de despedida, sair do palco com o coro a plenos pulmões: Madalena, Madalena, você é meu nem querer...

Ninguém deve perder essa oportunidade. Há tempo de sobra para organizar uma, ou duas visitas à exposição. Aí então, você vai concordar que o samba não é só isso que se vê, é muito mais...

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