José Carlos Peliano (*) -
I
fosse eu um a mais dos paneleiros
que se uniram no golpe ao país
iria me esconder pelos bueiros
de vergonha da merda que eu fiz
fosse um dos que estavam como olheiros
longe da peça bufa e infeliz
não sairia mais dos atoleiros
por fingir não crer quando eu não quis
fosse do golpe mais um dos farsantes
mandante, oportunista ou imbecil
estaria evitando meus instantes
antes que a trama torpe, podre e vil
caísse sobre mim e os meliantes
que abusaram do povo e do Brasil
II
por não ser nenhum desses malfeitores
de personalidades desviadas
da pornografia ao circo de horrores
não tem meu rosto caras mascaradas
a esses grupos não devo favores
nem ideias divido assemelhadas
estou livre assim para usar as cores
que quiser nas bandeiras empunhadas
primeiramente fora esse vampiro
com os seus gabinetes de ladrões
sanguessugas do templo que admiro
onde vivo com outros bons milhões
eu sou Brasil, riquezas não transfiro
vamos tê-las de volta, vendilhões
III
vamos juntos nós todos atingidos
para reerguer a pátria do chão
enfrentar os malditos travestidos
de gente que quer bem essa nação
a luta vai em todos os sentidos
por saúde, trabalho, vida e pão
tirar da ordem pública os bandidos
nas cidades, estados, União
do povo da roça ao povo da rua
dos que não sabem e que sabem ler
aos que podem dar pau em falcatrua
é hora de o Brasil ir renascer
resgatar amor pela terra sua
paixão por viver nela com prazer
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(* José Carlos Peliano é economista, poeta e escritor