A III Bienal Brasil do Livro e da Leitura, de 21 a 30 de outubro, será realizada este ano no Estádio Nacional Mané Garrincha. Os homenageados são Adélia Prado e Boaventura Santos. Agende. Entrada franca.
A homenageada nacional é a mineira Adélia Prato, poeta, professora, filósofa, contista. Nascida em Divinópolis, dia 13 de dezembro de 1935, Adélia começou a escrever poesia em 1950, quando morreu sua mãe. Depois de se formar na Escola Normal Mário Casassanta, em 1953, passou a dar aulas.
Em 1972, morre seu pai e, em 1973, forma-se em Filosofia. Nessa ocasião envia carta e originais de seus novos poemas ao poeta e crítico literário Affonso Romano de Sant'Anna, que os submete à apreciação de Carlos Drummond de Andrade.
Em 1975, Drummond sugere a Pedro Paulo de Sena Madureira, da Editora Imago, que publique o livro de Adélia, cujos poemas lhe pareciam "fenomenais". O poeta envia os originais ao editor daquele que viria a ser Bagagem.
No dia 9 de outubro, Drummond publica uma crônica no Jornal do Brasil chamando a atenção para o trabalho ainda inédito da escritora. O livro é lançado no Rio, em 1976, com a presença de Antônio Houaiss, Raquel Jardim, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek, Affonso Romano de Sant'Anna, Nélida Piñon e Alphonsus de Guimaraens Filho.
Dai em diante não parou mais de escrever. Adélia conquistou o mundo. Em 1978 lançou "O coração disparado", que é agraciado com o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.
Em 1994, após anos de silêncio poético, sem nenhuma palavra, nenhum verso, ressurge Adélia Prado com o livro "O homem da mão seca". Conta a autora que o livro foi iniciado em 1987, mas, depois de concluir o primeiro capítulo, foi acometida de uma crise de depressão, que a bloquearia literariamente por longo tempo. Disse que vê "a aridez como uma experiência necessária" e que "essa temporada no deserto" lhe fez bem. Nesse período, segundo afirmou, foi levada a procurar ajuda de um psiquiatra.
Adélia costuma dizer que o cotidiano é a própria condição da literatura. Morando na pequena Divinópolis, cidade com aproximadamente 200.000 habitantes, estão em sua prosa e em sua poesia temas recorrentes da vida de província, a moça que arruma a cozinha, a missa, um certo cheiro do mato, vizinhos, a gente de lá.
O homenageado internacional é o intelectual português Boaventura de Sousa Santos, o mais importante pensador europeu da área de ciências sociais.
Boaventura nasceu em 1940, em Coimbra, Portugal, e foi um dos principais impulsionadores do Fórum Social Mundial.
O espírito que envolve o Fórum é fundamental nos seus estudos da globalização contra-hegemônica, mas também na promoção da luta pela justiça cognitiva global que faz parte de seu conceito de epistemologias do Sul.
Pensador de múltiplas identidades, professor universitário, cientista social, jurista, escritor, filósofo da ciência, ativista e poeta, Boaventura é um atento observador da realidade política e social do mundo contemporâneo.
Em finais dos anos 1960, fez doutorado na Universidade de Yale. A sua tese, publicada pela primeira vez em português em 2015 (Direito dos Oprimidos), é um marco fundamental na sociologia do direito, que resultou do trabalho de campo centrado em observação participante numa favela do Rio de Janeiro.
Foi um dos fundadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra em 1973, onde veio a criar o curso de sociologia. Fez investigação no Brasil, em Cabo Verde, Macau, Moçambique, África do Sul, Colômbia, Bolívia, Equador e Índia.
A III Bienal Brasil do Livro e da Leitura vai tratar das questões mais latentes do debate contemporâneo. O deslocamento de populações e a tragédia dos refugiados, intolerância, afetividade, gênero, meio ambiente, vida urbana, as tecnologias digitais e vários outros assuntos serão tema de mesas de debate, seminários, palestras, lançamentos de livros, que contarão com a participação de 150 escritores nacionais e estrangeiros convidados.
A Bienal promoverá 100 sessões de autógrafos e lançamentos de livros, 80 sessões de contação de histórias, 40 apresentações teatrais, além de 10 shows musicais de artistas nacionais e do Distrito Federal.
Seminários e Mesas:
1 – Deslocamentos: Geopolítica, Cultura, Etnia, Economia e Religião.
– A Europa e a tragédia dos refugiados;
– Fronteiras políticas, econômicas e desigualdades no mundo globalizado;
– Cultura, etnia e religião: Intolerância e conflitos políticos no mundo contemporâneo;
– Identidade, território e afirmação das nações indígenas latino – americanas
2 – Novas Tecnologias e os efeitos na cultura, economia e vida cotidiana.
– Informação, ética e comportamento nas redes sociais;
– O declínio das mídias tradicionais e novos espaços de informação e comunicação;
– Vozes dissonantes: liberdade e autoritarismo na internet;
– O mundo virtual e seu significado na história da humanidade
– Estado, democracia e controle da informação.
3 – Amor, afetividade e individualidade nos tempos modernos
– Relações afetivas, medos e neuroses;
– O amor em tempos de intolerância e individualismo
– Afirmação de gênero e novos modelos afetivos em sociedades democráticas;
– Tudo ao mesmo tempo agora: a vida afetiva nas redes sociais.
4 – Vida urbana – Novos espaços , novos caminhos
– A sociedade do descarte e a tragédia urbana
– Grandes metrópoles: exaustão humana e degradação do meio ambiente;
– Liberdade, solidão e indiferença nas grandes cidades;
– A reinvenção das periferias: a percepção dos Direitos e a luta pela cidadania
Os escritores de Brasília terão espaço reservado. Dos 81 inscritos, 16 foram escolhidos por uma comissão. Destaque para os autores jovens e estreantes.
São eles:
“Arame Farpado” da escritora Lisa Alves;
“Terminal” do escritor Rômulo Neves;
“Fratura Exposta” do escritor Vitor Camargo de Melo;
“Joaquim 1954” do escritor Vicente de Paulo Siqueira;
“Um Balão na Europa” do escritor Cristóvam Naud;
“Crônicas e Outros Escritos” do escritor Luiz Philippe Torelly; “Depois das Cinzas” do escritor Alex Almeida;
“Zelumen” do escritor Renato Fino;
“AllegroMa Non Troppo” do escritora Paulliny Gualberto Tort;
“A Menina Tagarela” da escritora Giulieny Matos;
“Minha Cidade” da escritora Ana Neila Torquato;
“O Mundo sem Anéis – 100 dias em Bicicleta” da escritora Mariana Carparezzi;
“O Povo da Lua” do Renato Alves;
“Uma Luz na História” da escritora Nina Tubino;
“Uma Gota de Sangue” da escritora Débora Paraíso.
“A Sobra daquela Garota” do escritor Rafael L. Ferrari.