A peça Liberdade, Liberdade, escrita por Millôr Fernandes e Flávio Rangel, foi um sucesso retumbante em 1965, ano de sua estreia, com nomes como Paulo Autran e Nara Leão. O motivo para repercussão que teve é fácil de entender: a peça, uma colcha de retalhos de textos de dramaturgia, vida real e citações, encarava de frente a ditadura militar brasileira (1964-1984), com críticas certeiras e deboches inteligentes.
E, agora, eis Liberdade, Liberdade de volta. Com adaptações e recortes, a peça estreia hoje, sexta feira (29/11), no teatro da Casa dos 4, na 708 Norte, Bloco F, loja 42, Rua das Oficinas, às 20h e fica em cartaz até domingo, 1 de dezembro.
Há também novidades, como por exemplo a reprodução do depoimento da mãe da menina Agatha Félix, assassinada por um policial quando voltava da escola. E também há uma cena que conta um bravo incidente ocorrido no bar Beirute, de Brasília, no final dos anos 1970. Um casal de rapazes foi ameaçado de expulsão após trocarem carícias no interior do estabelecimento.
Não deu outra: em seguida, um grupo de rapazes se levantaram e se beijaram ali mesmo. O acontecimento entrou para a história da cidade como o "beijaço".
Histórias como essas e as outras, do texto original, servem para apontar o dedo ao Brasil que temos hoje. Assim, a peça de Millôr Fernandes e Flávio Rangel é atual perfeita nas suas denúncias de autoritarismo, horror e miséria que vivemos.
Ficha técnica:
Peça: Liberdade, Liberdade
Direção: Alexandre Ribondi
Assistência de direção: Josias Silva
Elenco: Luisa de Marillac, Helen Cris, Morillo Carvalho, Ismael Diniz, Rafaella Ferrugem, Igor Ariel, Júlio Rick. Vitor Zael e Rodrigo Velho
Desenho de luz: Rui Miranda
Local: Casa dos 4, na 708 Norte, Bloco F, loja 42, Rua das Oficinas.
De: Sexta (29/11) a domingo (1/12), às 20h.
Classificação etária: 16 anos