Brasília recebe o primeiro evento internacional de chá do Brasil, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, de 7 a 8 de dezembro. O Brazil Tea Festival contará com a venda de produtos, cursos, palestras e o I Simpósio Brasileiro de Chá.
A partir da primeira semana de dezembro, Brasília vai entrar para o seleto grupo de cidades que realizam festivais internacionais para difusão das delícias e saberes da segunda bebida mais consumida no mundo, depois da água.
O chá em toda sua diversidade e complexidade estará no centro das atenções do Brazil Tea Festival, primeiro evento internacional de chá do Brasil. O festival vai ocupar uma ala do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com imersão no lendário e rico universo do chaísmo. O evento acontece no sábado, 7, e no domingo, 8, a partir das 9h, e os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).
Brazil Tea Festival vai promover a comercialização da bebida em suas diversas formas e sabores, cursos com especialistas - introdução ao universo do chá, preparação de drinks com a bebida, escolha da melhor água, profissão de sommelier de chá, dentre outros, workshops sobre o cultivo do chá no Brasil e um simpósio para esmiuçar os benefícios da bebida para a saúde.
O evento chega num momento em que se observa um grande crescimento do consumo de bebidas não alcoólicas no País, puxado em grande parte pelos chás vendidos prontos e gelados. Mas o universo do chá é rico, remonta a milhares de anos, contempla rituais e costumes e conjuga ciência, religião, gastronomia, socialização, cultura, economia e saúde.
O Festival
Festivais dedicados ao universo do chá já acontecem em cidades com Berlim, Amsterdã, San Francisco e Sidney. Em Brasília serão dois dias de atividade intensa, com estandes de venda de chás e infusões artesanais e de marcas diferenciadas, comercialização de produtos ligados ao consumo da bebida e diversas atividades formativas. Para começar, Brazil Tea Festival vai ensinar aos brasileiros as diferenças entre o chá e as infusões de plantas, ervas e frutas. Chás são as bebidas quentes ou frias produzidas a partir de uma única planta, a camellia sinensis. Os chazinhos de camomila, hortelã, erva cidreira e tantos outros são infusões.
Só da camellia sinensis pode-se alcançar uma enorme variedade de sabores e aromas, dependendo das condições de cultivo, coleta, preparo e acondicionamento das folhas. É do preparo da camellia sinensis que se obtém o chá em suas quatro variedades: branco, verde, oolong e preto. O branco é produzido com as folhas jovens e por brotos selecionados. Para o chá verde, são usadas folhas recém-colhidas e expostas ao calor, o que confere à bebida um sabor amargo. O chá oolong é feito com folhas cortadas ou picadas que sofrem um processo de oxidação parcial, resultando numa coloração avermelhada. E o mais famoso, o chá preto pede uma oxidação mais prolongada das folhas, ficando com uma coloração escura e sabor adstringente. Cada um tem suas propriedades benéficas para a saúde, como a redução da incidência de doenças degenerativas como câncer e doenças do coração, diminuição de peso, efeitos antibacteriano, antialérgico e antioxidante.
Para apresentar a diversidade de sabores da bebida, o evento terá um Salão de Chá, onde o público poderá participar de degustações de chás. Serão realizadas oito degustações, quatro em cada dia do evento, acompanhadas de harmonização com biscoitos. A participação será sem custo, mediante inscrições que poderão ser feitas com uma hora de antecedência no próprio local, até o número limite de 30 pessoas. As degustações serão às 11h, 14h, 17h e 20h.
Atividades de formação
Informações relevantes que conformam o imenso universo do chaísmo serão abordadas em cursos, no I Simpósio Brasileiro de Chá e no workshop cultivo de chá no Brasil, a ser desenvolvido pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura. As atividades de formação se estenderão durante todo o sábado, 7 de dezembro e terão ingressos diferenciados.
Cursos – O festival vai oferecer quatro cursos. Em Introdução ao Estudo do Chá, o médico e estudioso Fábio Leite vai discorrer sobre a história do chá, os aspectos que caracterizam a camellia sinensis, a prática ritualística da preparação do chá e apresentar um pouco da teoria e dos aspectos práticos da degustação de chás.
Caberá à empresária Raquel Magalhães, sommelière de chá e terapeuta Ayurveda, desmistificar um pouco o mundo de cores, aromas e sabores do chá no curso Profissão Sommelier de Chá: definição e tendências desse mercado, no qual promete abordar as várias aplicações da bebida, as harmonizações com comidas e as tendências do mercado.
Em Estudo da água no preparo do chá, o primeiro Sommelier de Água Certificado do Brasil Rodrigo Resende deve surpreender os espectadores ao apresentar o imenso e maravilhoso mundo das águas minerais, mostrando as diferenças entre elas, os conceitos de degustação de água e as harmonizações. O curso oferece uma experiência sensorial pra mostrar que a escolha de uma água inadequada pode atrapalhar o sabor e os aromas do chá.
Elaboração de drinks com chá vai contar com toda a experiência do gastrólogo e mixologista Victor Quaranta, consultor de bares e restaurantes e instrutor de cursos de formação há 14 anos, para mostrar a imensa versatilidade da bebida que vem ganhando destaque na preparação de drinks. As preparações aliam as propriedades dos chás a um toque gourmet.
As inscrições já estão abertas, custam R$ 100 por pessoa para cada curso e podem ser feitas através do site do evento (clique aqui).
Simpósio – O I Simpósio Brasileiro de Chá irá discorrer sobre os benefícios já comprovados da bebida para a saúde. Será realizado na manhã do sábado, dia 7, das 9h às 12h, reunindo especialistas. As conversas terão como tema ”Efeito do consumo de chá na prevenção de doenças neurodegenerativas – Neurologista Dr. Pedro Brandão”, “Consumo de chá pode diminuir o risco de doenças metabólicas? – Endocrinologista Dra. Amanda Valadares Braga”, “O uso do chá na prevenção de doenças cardiovasculares – Cardiologista Dr. Fausto Satuffer”, “Uso de chá e doenças orais – Odontólogo Prof. Dr. Rivadávio Amorim” e “Aplicações do chá nos cuidados com a pele – Dermatologista Dra. Letícia Oba”.
Os ingressos custam R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada) e podem ser adquiridos através do site do evento: https://brazilteafestival.com.br/
Um pouco de história
São muitas as lendas que falam da origem do chá. Talvez uma das mais antigas conceda ao imperador Shen Nung a sorte de ter sido o primeiro a saborear o chá. Contam que, em 2.737 a.C., este imperador chinês que costumava tomar apenas água fervida, por questões de higiene, sentou-se embaixo de uma árvore para descansar. Ao servir-se de água fervente, observou que algumas folhas caíram no recipiente e provocaram uma mudança de cor. Shen Nung decidiu experimentar o gosto da água alterada e gostou do sabor. Mais ainda: achou a bebida revigorante. Estava inventado o chá.
Já em 200 a.C., um livro chinês fala sobre plantas medicinais e os efeitos desintoxicantes das folhas de chá. O sucesso da bebida foi tão grande que nos séculos IV e V, ela se popularizou na China e surgiram várias plantações no vale do Rio Amarelo.
O chá chegou ao Ocidente na Idade Média, junto com os carregamentos de especiarias trazidas da Ásia. Era chamado de tê na região de Fujian, dando origem ao thé francês, ao tea inglês, ao tee alemão e ao te italiano. Por terem tomado contato com a bebida em Macau, os portugueses a conheceram com o nome dado pelo dialeto local como tchá, dando origem ao nosso famoso chá.
Contam que quem criou o hábito de tomar chá na Grã-Bretanha foi uma portuguesa. Em 1662, casada com Carlos II, rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda, e grande consumidora de chá, Catarina de Bragança introduziu o hábito do consumo da bebida na corte inglesa, conferindo ao chá a atmosfera de elegância e nobreza que tem até os dias atuais.
Chá no Brasil
A primeira tentativa de introduzir o chá no Brasil partiu de D. João VI, que criou, em 1840, uma escola para ensino da cultura do chá, no Rio de Janeiro, e levou à produção da camellia sinensis em Ouro Preto, Minas Gerais. Mas foi só no começo do século XX, com a imigração japonesa, que a produção começou de fato no país.
Atualmente, o Brasil produz três tipos de chá: erva-mate, chá preto e chá verde, estes últimos introduzidos pelos japoneses na região do Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo. O país tem 5.000 hectares de área plantada e exporta 10 mil toneladas por ano do produto, com um consumo interno de apenas 3 mil toneladas/ano.
No Brasil, aumentou o consumo de bebidas não alcoólicas, principalmente dos chás prontos para beber, que tiveram um crescimento de 53,9% no consumo. Observa-se também um crescimento do interesse de jovens de áreas urbanas em consumir mais a bebida, não só pelos benefícios à saúde, mas também pelo sabor. São pessoas dispostas a pagar mais por chás especiais, com matéria prima de qualidade e desejosas de saber da origem do produto, contribuindo, assim, para o desenvolvimento sustentável.
Mas os números no país ainda são tímidos, comparados a outros países. Enquanto em 2013, o Brasil consumiu quase dois bilhões de xícaras de chá, uma média de 10 xícaras por pessoa por ano, na Turquia, a marca é de 1,6 mil xícaras por ano por pessoa!
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Serviço:
Brazil Tea Festival
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Brasília/DF)
Data: Dias 7 e 8 de dezembro de 2019
Horário: 9h às 22h
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)
Mais informações: https://brazilteafestival.com.br/