A escultura Spider (Aranha), da artista plástica Louise Bourgeois, chegou ao Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), na Praça Mauá, para ficar exposta até o dia 1º de março de 2020.
Depois de permanecer pouco mais de duas décadas em regime de comodato ao lado do Museu de Arte Moderna, em São Paulo, em dezembro do ano passado a obra pertencente à Coleção Itaú Cultural começou uma série de itinerâncias pelo país: de Inhotim para Porto Alegre e de lá para Curitiba.
Agora, chega ao Rio de Janeiro acompanhada da gravura da artista Spider and Snake e de obras da coleção do próprio MAR e do acervo particular de Paulo Herkenhoff entre desenhos, manuscritos, documentos e publicações da escultora.
A obra realizada pela escultora francesa Louise Bourgeois (1911-2010) em 1996, foi vista no Brasil pela primeira vez na 23ª Bienal de São Paulo e adquirida para a Coleção Itaú Cultural. Em 1997, o Instituto a cedeu em regime de comodato ao Museu de Arte Moderna – MAM/SP, no Parque Ibirapuera. Ela permaneceu ali até 2017, em um espaço de vidro de onde podia ser observada da marquise do parque. Na ocasião, a escultura foi enviada para a Fundação Easton, em Nova York, para averiguação e restauro, de modo a garantir a sua longevidade e possibilitar a sua exibição em espaços expositivos diversos. Em dezembro passado, Spider botou o pé na estrada.
Primeiro, a obra foi levada a Minas Gerais, para ser exibida na Galeria Mata do Inhotim. Seguiu para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, e para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Agora chega ao MAR, onde ficará até março do próximo ano.
“Assim como fazemos com grande parte da Coleção Itaú Cultural, tomamos a decisão de circular uma das suas mais importantes obras internacionais e ampliar o acesso do público a esta grandiosa escultura”, diz o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron.
Esta Spider é a primeira das seis que a artista produziu em bronze a partir de meados da década de 1990 e que estão espalhadas pelo mundo. Com ela, também chega a gravura Spider and Snake – a 15ª das 50 realizadas por Louise em 2003, com uma dimensão de 48,2 x 44,1 cm e pertencente ao acervo do Itaú.
As viagens da Spider pelo Brasil são acompanhadas de um texto do crítico de arte Paulo Herkenhoff e de um vídeo de pouco mais de cinco minutos realizado pela equipe do Itaú Cultural, com relato da também crítica Verônica Stigger. Este material foi produzido especialmente para estas itinerâncias.
Entre imagens da escultura, Verônica discorre sobre a vida da artista que se entrelaça com esta sua criação. Ela toma para si palavras de Herkenhoff para afirmar que as aranhas de Louise Bourgeois representam a mãe da artista, sintetizada em dois adjetivos aparentemente paradoxais: frágil e forte.
Diz Verônica: “A fragilidade e a força se conjugam nesta versão de Spider. À primeira vista, é uma peça imponente, até um tanto monstruosa: ela é toda em bronze, com três metros e meio de altura, oito longas patas e um núcleo central duro, todo torcido em espirais, que faz as vezes de cabeça e ventre — um grande ventre capaz de armazenar os ovos.” E conclui: “Em uma olhada mais atenta, percebe-se como, apesar da força e da rigidez do bronze, ela também é frágil, delicada: suas patas são longas e muito finas, dando a impressão de serem insuficientes para sustentar o pesado corpo da aranha.”
Feita em bronze, a escultura pesa mais de 700 quilos – 68kg, cada uma das oito patas; 113kg o corpo e 57kg a cabeça. O seu traslado, exige grande cuidado e dedicação. Com a inexistência do esboço e projeto original da escultura, a equipe do Itaú Cultural criou um aparato para garantir a sua estrutura na desmontagem e remontagem. A produção do instituto desenhou uma plataforma que é colocada debaixo dela para sustentá-la. As patas, cujas pontas são de agulha, são retiradas uma a uma enquanto uma espécie de berço se eleva da plataforma para segurar o corpo do pesado aracnídeo. Para ser remontada, o caminho é o inverso.