Luiz Martins da Silva –
Quem vai querer? A morte está em promoção. Por que será que cresce no mundo a frequência de países que estão zerando por dia as mortes pelo novo coronavírus, Paraguai e Uruguai entre eles, e os número de mortes por pandemia explodem no Brasil, inclusive em estados, como Goiás, em que a curva estava em decréscimo?
Em Portugal, mesmo com estatísticas e óbitos por coronavírus reduzidos e curva pandêmica na baixa, os arraiais juninos estão proibidos. Na Argentina, bairros inteiros estão completamente isolados e com entrada e saída controlados pela polícia.
Hoje, quando em algum momento que as estatísticas brasileiras forem renovadas, contar-se-ão mais mortos no Brasil por Covid-19 do que em várias das guerras tidas como sangrentas. Torçamos para que não aconteça aqui algo paritário com a Guerra do Vietnã (1955-1975).
Mesmo envolvendo no confronto potências militares, EUA, URSS e China, o total de mortos norte-americanos não chegou a 60 mil. O número de vietnamitas e aliados, no entanto, não se sabe ao certo, teria passado de 1 milhão de mortos, no mínimo. E mais de 3 milhões, segundo outros cálculos. Ou seja, a maior potência armada do Planeta [EUA], perdeu cerc de 60 mil soldados em 20 anos. Quantos brasileiros o Brasil perderá para o Covid-19 em um semestre? Não dá para saber, mas dá para saber de não houver tanta “flexibilização” nos próximos meses.
Estamos em correria para uma promoção da morte: nas ruas, feiras e shoppings, a volta de consumidores, incentivada pelas autoridades públicas alinhadas com o Palácio do Planalto e com os ministros zelosos pela Economia. O desespero deles chama-se recessão. Quanto ao consumo, só falta uma promoção do tipo black-friday-pandemia.
Economia contraditória: bilhões para manuseio dos políticos do Centrão, de péssima reputação moral; dinheiro da bolsa-família proposto para propaganda; e corrupção em compras e faturas de equipamentos para hospitais de campanha que não se inauguram.
Mas, não é só de governos que emanam os paradoxos. Há uma adesão aparentemente incontornável de grande parte da população às aglomerações. A morte parece ter combinado com muita gente, muita gente brasileira. Outro dia, uma senhora, num caixa de um supermercado, declarou: Não tenho medo, Deus me protege.
Deus nos deu a vida e nos protege, mas os erros são por nossa conta. Quem sabe o que é errado mas o pratica com suposta fé em Deus, não cultua uma fé verdadeira, pois a fé não serve de aval à negligência. Dessa forma, não é Deus não é brasileiro. A morte é que é se faz conterrânea.
Os governos e muitas seitas têm propagado a ideia de que o Socialismo é coisa do Diabo. Raro um deles que apareça para dizer que o Diabo é sócio do Capitalismo. Em tempos de pandemia, que a vida prevaleça sobre a Economia. E se no Brasil o Estado-providência não compareceu e serve mal à Saúde e à Previdência, por que neste momento em que mais se espera dele alega não estar preparado para as "acidentalidades"?
Durante uma pandemia, o melhor sistema econômico é o do Socialismo. E o que se está vendo? Um governo de extrema direita se obrigar a mínimas medidas de amparo social. Teme muito mais desamparar a saúde da economia capitalista do que socorrer o povo, nos desastre sanitário e econômico.
Estado e Sociedade; Economia e Política, estas categorias têm se se unir para salvar o povo e não atraí-lo para o suicídio. Para que o Estado foi criado? Para servir de retaguarda à sociedade quando ela está ameaçada, de fome, de bala e da morte. Mesmo que tenha de sacrificar reservas, que depois virão, sempre vieram.
Temos, no imaginário de certos políticos, e de grande parte dos brasileiros, a fantasia de que precisamos de um regime autoritário, de preferência militar, para a força da Ordem e para o destravamento do Progresso. Mas, num momento como este, temos esses mesmos políticos e adeptos pregando a frouxidão, a lassidão e a irresponsabilidade. E exatamente num momento de guerra. Tivéssemos uma autoridade responsável, haveria repressão, sim, às condutas em favor do inimigo nacional, a pandemia.