Luiz Martins da Silva –
O país, ficamos sabendo, tem uma outra presidenta, a jovem Adeyula Dias Barbosa Rodrigues, de Vila Velha (ES). Ela é estudante universitária em Gestão de Recursos Humanos. Trabalhava como cuidadora, mas está desempregada. Tem dois filhos e se mantém com ajuda da mãe e do companheiro, pequeno assalariado. A moça tentou obter o Auxílio Emergencial para enfrentar a pandemia, mas ao buscar explicação para a negativa encontrou para si o registro de uma outra profissão, mas também o demonstrativo de que é muito fácil chegar lá.
Um erro ou um meme, até agora de autoria obscura, a colocou na chefia do Estado brasileiro. E pensar que tanta gente tem-se engajado na hashtag #forabolsonaro sem desconfiar que a façanha está ao alcance de poucas teclas. E, mesmo por vias de um fake, os recursos digitais servem também para que se constatem algumas pertinências. Bem que o Brasil precisa de uma pessoa de elevada competência na gestão dos recursos humanos e, neste momento, muito mais, de uma pessoa CUIDADORA dos maiores recursos do Brasil que são os humanos, os brasileiros.
O capital, essa abstração metafísica e sem pátria, cuida-se muito bem e dentro de sua própria estrutura, mercantil e global. E neste momento em que temos um presidente pateticamente preocupado em salvar a economia (atrelada às oscilações externas), bem que o Brasil precisa de uma pessoa que melhor cuide, aqui, de vidas, pois, como já foi lema numa outra época, sem hashtags, "O melhor do Brasil são os brasileiros".
Tivéssemos governantes mais atentos ao Brasil e à sua imensa população, estaríamos, hoje, com uma economia menos dependente de exportações e mais confiante no seu mercado interno. Os nossos produtores não teriam de ficar fazendo escolhas, como quem cata feijão, entre o melhor e o pior; o melhor, claro, para exportação; o xoxo, para os brasileiros. Não haveria tanto desespero em acelerar as importações de respiradores da China e teríamos, além de respiradores nacionais, um sistema de saúde aberto e suficiente para todos os cidadãos. Não teríamos um SUS sabotado e sucateado, haja vista faltar luz na UTI de um hospital do Rio de Janeiro, provocando a morte de infectados pelo Covid-19.
Oh, Adeyula! Por favor, você que é uma criatura tão boa, tão pura, tão brasileira, entre na política, faça alguma coisa por nós, venha nos salvar. Nem precisa, de cara, já aparecer na sua carteira profissional "Presidente da República". Precisamos de uma pessoa que saiba o que é ser povo e, quem sabe, a que se destinam as letras da Constituição e da democracia, instituições do povo e para o povo e que, se levadas em conta, concretizariam as singelas aspirações populares: saúde, educação, emprego, renda, segurança e respeito.
Receba, Adeyula, nossos votos, nossas felicitações, como brasileira, mãe e cidadã. E também os votos para que sendo oficialmente uma presidenta da República não esteja impedida de receber tão oportuno auxílio emergencial.