"A vida é de quem se atreve a viver".


Luiz Martins: “O governo federal liberou geral na informalidade até que seja feita a "regularização" das terras da Amazônia, onde as queimadas aumentaram em 64 por cento, em um ano”.
Crime organizado no meio ambiente

Luiz Martins da Silva –

Diversas frentes, sobretudo na Amazônia. Grileiros, madeireiros, garimpeiros e incendiários, as principais. Denunciadas internacionalmente, em especial na Amazônia e em terras indígenas. Nenhuma novidade não fosse, agora, a participação articulada e ameaçadora, do próprio governo e suas estruturas de apoio também nos poderes legislativo e judiciário. Um acinte a proposta da Medida Provisória, olhe só o apelido dela, "MP da Grilagem". E tudo isto numa sucessão de fatos que vêm da exoneração do diretor do INPE (alguém se recorda?) às recentes exonerações de um diretor do Ibama e, logo após, a intimidação e a garrafada na cabeça de um agente do Ibama.

E exoneração e agressão por quê? Cumprimentos do estrito dever LEGAL. Poderiam até responder criminalmente se omissos em face dos flagrantes. Todavia, que perversão: foram punidos por atuar, de ofício, na autuação de criminosos. No caso pretérito, do INPE, houve indignação até por parte de funcionários da NASA, onde as metodologias climáticas brasileiras já eram, de muito, respeitadas. O governo federal tem feito de tudo para cumprir suas promessas de campanhas junto a latifundiários, grileiros, garimpeiros, madeireiros e invasões de terras indígenas. Uma espécie de liberou geral na informalidade até que as leis sejam reformuladas e que seja feita uma "regularização" das terras da Amazônia, onde as queimadas aumentaram em 64 por cento, em um ano. Houvesse dignidade, o diretor do INPE tinha de ser readmitido a bem do Serviço Público, era o mínimo.

E a Funai virou o quê? Dias atrás se noticiou que os quadros do fotógrafo Sebastião Salgado foram retirados das paredes da Funai. Fotos etnográficas. E retiradas por quê? Porque o economista-fotógrafo-sociólogo abriu uma frente de apoio com vários nomes de prestígio internacional, num apelo em favor de que o constante genocídio de nossos índios não seja, por fim, consolidado de maneira extrema, por meio do Covid-19. Reunia a Comissão da Amazônia, os seus integrantes generais tiveram de reconhecer que os dados do INPE estavam corretos e que o Brasil não pode ficar mal com o restante do Planeta como o vilão da desordem climática.

Perante o mundo, o Brasil poderá ser acusado de descumprir criminosamente as suas adesões a compromissos perante o mundo, como o de Desmatamento Zero, sem contar que já deu uma banana para o "Acordo de Paris". Internamente, mais uma vez, mete os pés pelas mãos ao subordinar o Ibama aos militares, que cuidarão da Amazônia mediante uma decretada Garantia da Lei e da Ordem (GLO). "Intervenção militar!", clamam os apoiadores, vindo o Ibama e outros órgãos de defesa ambiental e humana na retaguarda. Será que os militares estão mesmo dispostos a garantir a Lei e a Ordem como cumprimento de promessas de campanha de um candidato? Além de serem tais promessas antipatrióticas, as Forças Armadas são um poder do Estado e não uma tropa a serviço de um governo a cada dia mais disposto a passar por cima da Constituição Federal.

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