Romário Schettino –
O presidente Jair Bolsonaro passou de todos os limites institucionais e está jogando o país numa grave crise. Foi preciso o ministro Celso de Mello dar-lhe um puxão de orelhas por causa do vídeo das hienas para que Bolsonaro viesse a público pedir desculpas e se retratar.
Agora vem este outro vídeo desatinado contra as matérias veiculadas na grande imprensa, fazendo ameaças, espumando de ódio, na tentativa de se segurar na Presidência e, quem sabe, abrir espaço para um autogolpe. Bolsonaro é a imagem perfeita da truculência e da arrogância que caracterizam os falsos "mitos".
A simples menção do nome de Bolsonaro nas matérias da TV Globo, que mostraram novidades nas investigações do assassinato da vereadora do PSol, Marielle Franco, deixaram o presidente fora de si. O vídeo gravado de madrugada, ainda no Oriente Médio, parecia um filme de terror à meia noite.
Aliás, o ex-aliado de Bolsonaro, Gustavo Bebiano, em entrevista ao site Congresso em Foco, usou expressões que definem bem o que estamos assistindo todos os dias nas manchetes, na porta do Palácio do Planalto: “Um governo de loucos”, “sem estratégia”, “palhaçadas familiares”, “assessores incompetentes” e “beligerância gratuita”. É desta forma que o presidente tende ao isolamento. Não sabe governar, não quer aprender e se recusa a entender o que significa democracia. Um chucro acompanhado de seus três filhotes mais chucros ainda.
Bebiano prevê três situações para o futuro desastrado de Bolsonaro: 1) Renúncia ao estilo Jânio Quadros; 2) Impeachment e 3) Tentativa de ruptura institucional, ou seja, golpe.
Qualquer que seja o desfecho desta experiência maldita, iniciada no golpe de 2016, o Brasil está na pior fase de sua história em termos políticos. O partido do presidente, o PSL, é uma máquina de fazer dinheiro e tem muita gente para repartir o botim pós-eleição, que está sob suspeita de fraudes – laranjal, Fake News etc. Na economia, embora todas as reformas sejam para surtir seus efeitos malignos para os próximos dez anos, o ritmo das privatizações, se conseguirem fazê-las em ritmo acelerado, podem provocar problemas no curto prazo.
O efeito Chile não é bom para as pretensões do ministro Paulo Guedes. E a volta dos peronistas na Argentina é sinal de alerta para a equipe econômica neoliberal brasileira. Tudo no Brasil está envolto em uma cortina de fumaça, sem esperança, sem futuro, sem tranquilidade.
Não bastaram as palavras desbaratinadas no episódio dos incêndios na Amazônia, da completa inação no mais grave desastre ecológico que chegam às praias do Nordeste brasileiro (algo parecido a Chernobyl). Agora temos um presidente enlouquecido com o noticiário e sem saber o que fazer.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Tóffoli, está com a palavra. O envolvimento do nome do presidente nesse episódio da casa 58 é assunto para o STF.