"A vida é de quem se atreve a viver".


Dallagnol e Sérgio Moro estão cercados. Os vazamentos são provas incontestáveis de que prevaricaram e agiram contra os interesses nacionais.
Moro e Dallagnol arrastam o Brasil para o esgoto da história

Romário Schettino –

Nunca, jamais na história da República brasileira nenhum escândalo de tamanha proporção deixou o Judiciário e o Executivo em saia justa semelhante. Os vazamentos publicados pelo site The Intercept Brasil, em um país sério, já teria provocado, no mínimo, a queda do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e abertura de inquérito administrativo contra o procurador Deltan Dallagnol.

As conversas que vieram a público nos últimos dias, independentemente da origem das fontes, são verdadeiras, reais e não foram contestadas. O que interessa aqui são os conteúdos dessas conversas. Os hackers detidos e confessos não alteram em nada o que já foi publicado, nem o que ainda virá. Nada pode desviar o foco, queiram certos meios de comunicação, como a TV Globo, ou não.

Banqueiros de J.P. Morgan, Goldman Sachs e Deutsche Bank foram convidados para conversar com Deltan Dallagnol e o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux em eventos secretos para discutir como saquear as riquezas nacionais ligadas à Petrobras. Não foi por acaso que esses bancos compraram a BR Distribuidora.

Os corruptos brasileiros, comprovados, merecem a cadeia de acordo com a lei, o Estado Democrático de Direito, com ampla defesa e o devido processo legal. Mas essa gente – procuradores, juízes, ministros –, se misturar com empresários e banqueiros para, sorrateiramente, usar os cargos que ocupam em benefício próprio, não é apenas vergonhoso, é criminoso. É crime de lesa-pátria.

Os tais encontros secretos foram organizados pela XP Investimentos em junho de 2018. Não foi à toa que a representante da XP contactou o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e prometeu que o “bate-papo” com os banqueiros seria “privado, com compromisso de confidencialidade”, e, mais, que já havia feito um evento parecido com o ministro do STF Luiz Fux e, suprema vitória, “não saiu nenhuma nota na imprensa”. Claro, os jornalistas, com raras exceções, só publicam declarações oficiais e releases.

Dallagnol aceitou e pediu que a XP conversasse com a agência que organiza os eventos pagos do procurador, a Star Palestras, que acabou coordenando a contratação. O Intercept já revelou, com base nos chats secretos da Lava Jato, que Deltan Dallagnol disse ter faturado quase R$ 400 mil com palestras e livros em 2018. Entre as empresas que pagaram pela presença do procurador, está uma investigada pela própria Lava Jato. No caso da XP, segundo o Intercept, não está claro se a ida do procurador foi remunerada.

Dallagnol e seus colegas discutiram, no Telegram, o potencial risco para suas imagens ao se sentarem com banqueiros, mas acabaram decidindo que valia a pena. “Achamos que há risco sim, mas que o risco tá bem pago rs”, escreveu Dallagnol em um chat privado com seu colega na força-tarefa, o procurador Roberson Pozzobon, em fevereiro de 2018. Pozzobon pediu um tempo: “Mas de fato é nessa questão dos bancos que a coisa é mais sensível mesmo. Vamos conversar com calma depois”.

Enquanto os escândalos vão pipocado na internet, o presidente Jair Bolsonaro continua fazendo piadas, brincando de governar, debochando de tudo e ameaçando o jornalista Glenn Greenwald de prisão.

O ministro Sérgio Moro interfere nas investigações sigilosas da Polícia Federal e anuncia que tem a lista dos hackeados, depois desmente. Moro edita uma portaria (sugestivamente de número 666), inconstitucional, ameaçando Glenn de deportação, por ser ele um jornalista norte-americano. Tudo para espantar o cerco que se fecha em torno dele.

Com a volta das sessões do Congresso Nacional, dia 6 de agosto, e do Supremo Tribunal Federal, alguma coisa vai acontecer. Uma consequência natural seria a liberdade imediata para Lula. Espera-se, também, que pelo menos uma cabeça seja dada a prêmio, resta saber se a de Moro, primeiro, ou de Dallagnol, depois.

A República não aguenta mais tanta zombaria e desrespeito. Talvez esteja na hora de entrar em cena uma Frente Única contra Bolsonaro. Por que não?

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