Maria Lúcia Verdi –
Neste último dia 9 de outubro cumpriu oitenta anos um importante poeta que vive entre nós, Francisco Alvim. Poeta e embaixador aposentado viveu as agruras da ditadura, sabe do que se trata e disso também trata em sua obra.
Resistiu na vida e na obra. Irônico, por vezes doloroso retratista da nossa sociedade patriarcal, machista e, sem dúvida, incompreensível, Chico Alvim é também um lírico. Foi duas vezes premiado com o Jabuti pela sua poesia, em 1981 (Passatempo e outros poemas) e em 1988 (Poesias Reunidas).
Mas como não estamos muito para o lirismo e sim para o comprometimento com a palavra que está na boca de todos: DEMOCRACIA, aqui trago alguns poemas desta figura que sempre se colocou ao lado da liberdade e dos direitos humanos:
ELE
Quero uma metralhadora
Pra matar muita gente
Eu mato rindo
OBRIGAÇÃO
Não é questão de gostar
É de ter de ser
CONSELHO
Nosso negócio é a tortura
Sempre que falarem o nome dele
Invente
MOÇO, FORTE
Vem cá
você por acaso me chamou de ignorante
você é que me chamou
chamei a administradora
me chame outra vez
porque aí sim você vai ver
a ignorância
ora vá andando
eu estou aqui trabalhando
e você
à-toa um caralho
perdi dez mil cruzeiros
por culpa de vocês
chiu olha as senhoras
chiu olha o respeito
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O FILHO - Pedro Alvim, filho de Chico, professor de artes na UnB, resiste com a palavra didática e com uma pintura muito especial. Absolutamente fora de um mercado que estimula a produção de obras que se assemelhem para que possam ser vendidas, a pintura de Pedro se aproxima da obra do pai com uma estética que, nos temas e figuras, sejam atemporais que históricas, esboçam uma realidade muitas vezes difícil de decifrar, de explicar.
O mesmo compromisso com as cores, com uma certa luz, uma certa imprecisão. Dia 18/10, nesta quinta, a partir das 19h, pai em filho poderão ser abraçados na Matéria Plástica, Condomínio Privê Morada Sul (Altiplano Leste), Rua 23, casa R 49, em Brasília. Compareça! Prestigie!