"A vida é de quem se atreve a viver".


Praça Mauá - Museu do Amanhã
O brasileiro não gosta de notícia boa - II

Sandra Crespo -

Eu estava escrevendo uma resposta ao comentário de uma amiga, sobre o VLT do Rio e que tais. Mas o texto foi crescendo tanto, que virou meio que uma continuação daquele post. Talvez possa contribuir com a reflexão sobre a loucura que o Brasil vive hoje.

Eu não moro no Rio, mas frequento a cidade e tenho amigos no subúrbio, nas zonas norte e oeste. Num monte de lugares.

Só falando em transporte público, esses amigos (de várias classes sociais) já se beneficiam de grandes obras ligadas à Olimpíada. O BRT, por exemplo, é uma realidade já apropriada pela população, e o será a expansão do metrô etc. etc.

O fato de os projetos implantados no Rio Cidade Olímpica não beneficiarem diretamente as favelas não significa que sejam todos equivocados.

Obras relativas à Olimpíada têm de combinar vários fatores. No caso do Rio, que acompanho de perto desde 2009, creio que houve muitas medidas inteligentes, que aliam revitalização, circulação - e outras iniciativas ligadas ao turismo - a necessidades imediatas da população, como melhoria do transporte público.

São duradouras, um legado de verdade. Mesmo que tenham problemas e estejam longe do ideal, alguns desses projetos executados já melhoraram a vida da muita gente e embelezaram a cidade.

Saneamento básico em comunidades e muito mais cuidado na gestão de saúde e educação são realmente prioridades.

Porém, uma cidade como o Rio de Janeiro, cuja principal fonte de receita é - ou será em breve - o turismo, aproveita os Jogos e faz uma verdadeira revolução urbana no Centro e na zona portuária, por exemplo.

O Rio redescobre sua linda Baía, e entender a dimensão disso só é possível para quem ama aquela cidade.

No meu caso, desde criança. Eu, moradora de Niterói quando menina, sempre reparei aquela monstruosidade que era o elevado da Perimetral.

Dava de cara com o cujo ao sair da barca e pisar na Cidade Maravilhosa. Era muito feio, sujo e barulhento!!!

Olha, eu não tenho vergonha de elogiar o Eduardo Paes por muitas mudanças legais que ele comandou no Rio.

Um verdadeiro bota-abaixo. Teve alguns erros, como a pouca atenção ao potencial residencial do Centro e zona portuária. Porque é ali no Porto onde o Rio tem que crescer e incluir mais pessoas.

O Porto, que está ficando des-lum-bran-te com as obras olímpicas!

Sinceramente, eu não conheço nenhuma cidade brasileira que mudou tanto em tão poucos anos.

É claro que defendo uma intervenção muito mais radical na cidade - em todas elas. Uma gestão mais democrática e muito mais inclusiva do que é hoje, no governo Paes.

Eu só não consigo concordar é com essa obsessão de muitas pessoas - à esquerda e à direita - em descer a lenha em TODAS as iniciativas do poder público.

E, apenas para refrescar a memória da galera de esquerda e direita: o Brasil explodiu de felicidade em 2 de outubro de 2009. Naquele dia, o Governo Lula conseguiu, com muita luta, a escolha do Rio pelo COI cidade-sede de 2016.

Engraçado, hoje parece que estou em outro Brasil: um país que recua, e volta ao seu eterno complexo de vira-latas.

O pior é que este "novo" Brasil apresenta ainda uma face que eu não conhecia: o ódio por antecipação.

Uma negação total de importantíssimas conquistas que tivemos a partir dos governos petistas. E que foram "apagadas" da memória das pessoas.

É claro que Lula e Dilma poderiam ter avançado muito mais, assim como o atual prefeito do Rio de Janeiro. Mas, gente, as coisas aconteceram, e ainda estão acontecendo, e essas pessoas não reconhecem isso!

Só para criar mais clima, concluo citando uma observação engraçada do Paes esta tarde, na Globonews. Ele disse mais ou menos que, como a imprensa nunca vai a inauguração de escolas (só de estádios)...

"Então eu vou inaugurar estes dias uma escola que vai se chamar Austrália; assim a imprensa toda vai acompanhar, até a estrangeira", afirmou o prefeito.

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