"A vida é de quem se atreve a viver".


Ao lado da bandeira LGBT hasteada no Beirute: Francisco Frota Marinho, dono do bar; Michel Platini, do Brasília Orgulho e Alexandre Ribondi, um dos fundadores do Grupo Beijo Livre.
Bandeira LGBT hasteada no Beirute

Alexandre Ribondi –

A bandeira multicolor do movimento pelos direitos das pessoas LGBT, hasteada no Bar e Restaurante Beirute, em Brasília, nessa quarta-feira, 10 de julho de 2019, tem uma longa história para contar. Há 40 anos, um jovem casal, foi convidado a se retirar do então mais frequentado bar da capital da República após terem se beijado na boca diante das outras pessoas. Alguns dias depois, um grupo de casais homossexuais entraram no Beirute e, todos juntos, repetiram a ousadia. Estava criado, assim, o Grupo Homossexual Beijo Livre, o primeiro coletivo de luta LGBT da cidade e um dos primeiros do Brasil.

Quatro décadas depois, porém, o cenário e as personagens passaram por mudanças significativas. Ao lado da bandeira hasteada, estava Michel Platini, um dos líderes do Brasília Orgulho (que promove a Parada do Orgulho Gay em Brasília, que existe ha 22 anos). Ao seu lado, estava Francisco Frota Marinho, dono do Beirute, e Alexandre Ribondi, um dos fundadores do Beijo Livre e um dos beijados de 40 anos atrás. Juntos, comemoraram as vitórias alcançadas e se comprometeram a arregaçar as mangas para continuarem lutando.

Michel Platini, que foi candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 2018, fez questão de ressaltar o caminho percorrido desde o levante do bar Stonewall, em Nova Iorque, quando, há 50 anos, gays e lésbicas decidiram enfrentar a repressão policial, e desde o “beijaço” ocorrido há 40 anos, que serviu para mostrar que os homossexuais estavam decididos a se mostrarem ao mundo de cabeça erguida.

Na sua curta existência, o Beijo Livre passou por dias intensos. Publicou um jornal alternativo, o Manga Preta, produziu e montou peças teatrais rápidas e incendiárias que eram apresentadas na Boate Aquarius, situada no Setor de Diversões Sul, único ponto de encontro dos homossexuais nos anos 1970 - e que sempre esteve na mira da polícia. Além disso, alguns dos seus membros participaram da criação do primeiro teatro independente de Brasília, o Teatro da A.B.O., espaço generoso cedido pela Associação Brasileira de Odontologia. O Beijo Livre também foi responsável, em 1980, pela entrega de uma carta com reivindicações de direitos homossexuais, ao Papa João Paulo II, quando ele visitou Brasília.

Tudo isso ajudou, definitivamente, a mudar o cenário no País. Essa semana, o Brasília Orgulho está tendo um calendário repleto de atividades. Na segunda-feira, 8 de julho, um coquetel, realizado no Hotel Mercure, marcou o começo do festival LGBT, que inclui debates, exibição de filmes, esporte, estas e que terminará com a parada de orgulho que, esse ano tem como teme Stone Wall 50. Beijo Livre 40. Resistência e Conquistas.

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