Laurez Cerqueira –
Os Estados Unidos nasceram com as mãos nos coldres, prontos para sacar os Colt 45. Cresceram, são a maior potência do mundo. O futuro prometido, de referência da democracia, que até Karl Marx botou fé, deu lugar a um país terrorista, o mais temido da face da terra. Matam até os seus, em massacres nas escolas, nas ruas, presidentes da República, seus cidadãos, pela polícia, com ódio racista.
A morte é parte da vida da nação do norte desde criança. Ao ponto de varrerem do mapa duas cidades, Hiroshima e Nagasaki, no Japão, despejando bombas atômicas sobre populações de famílias indefesas, bombas napalm, incendiárias, agente laranja, sobre bairros civis, escolas e comunidades agrícolas, no Vietnam. Desde então, espalharam bases militares pelos quatro cantos, com armas apontadas para quem escolheu outro modo de vida e não aceita o domínio de suas corporações empresariais, bancárias, e seus negócios coloniais.
Têm a maior máquina de mídia e de propaganda do estilo de vida e do poder bélico, para justificarem as atrocidades e as invasões a países vulneráveis ao arsenal militar e o poderio econômico e político de suas corporações.
Montaram a indústria da guerra e academias militares, que formam monstros assassinos para atuarem como policiais do mundo. Por onde passam deixam rastros de sangue.
Uma parte da população é admirada e respeitada, por ter conseguido insurgir e sedimentar a democracia com valores e ideais de justiça e liberdade. Mas do ventre da sociedade também nasceu um poder marginal com seus embaixadores da morte, que se espalharam pelo mundo em legiões para subordinar países aos seus interesses.
Justas ressalvas e homenagens devem ser feitas às cidadãs e cidadãos que lutam pela democracia real, contra a estupidez que se formou nos Estados Unidos e lhes deram como filho da escravidão humana, Wall Street, a mais terrível engrenagem do capitalismo especulativo, de geração da pobreza e da fome.
Nos Estados Unidos, famílias têm armas em casa como utensílio doméstico. Pais dão armas de brinquedo e de verdade aos filhos, como presentes de Natal, para aprenderem a brincar com a morte.
Um país onde se mata presidentes eleitos como Abraham Lincoln, James Abraham Garfield, John Fitzgerald Kennedy, pratica atentado como aconteceu com Ronald Reagan, persegue e mata os seus como no macarthismo, fuzila crianças e jovens nas escolas, vive-se com o dedo no gatilho e as mãos sujas de sangue.
Aquele atirador de Las Vegas, que fuzilou 59 pessoas, ferindo mais de 100 outras, estava com dez fuzis no quarto do hotel, de onde disparou contra 40 mil pessoas que se divertiam num show.
Nestes tempos de pós-verdade, a jornalista Karen Armstrong, que escreveu Campos de Sangue e A História da Violência, denuncia a construção do inimigo, pelos Estados Unidos, utilizando a religião, para justificar as invasões bárbaras e a subordinação de países indefesos. Afinal, a indústria de armamentos está a todo vapor, fabricando armas para atender a demanda das guerras. As ações das empresas estão girando nas bolsas fazendo milionários.
Há países onde reinam a democracia e a paz entre os seus. Há armas nas mãos de quem mora nos Estados Unidos. Há flores nas mãos dos povos da Finlândia, Islândia, Noruega, Dinamarca, Holanda, Suíça, Suécia e outros países desenvolvidos, de cidadania avançada, que estão fechando presídios, transformando-os em escolas, teatros, bibliotecas, museus, para a educação integral da sociedade.
Os Estados Unidos não conseguem ser referência de sociedade civilizada por terem construído seu caminho com sangue, lágrimas e nunca terem conseguido superar a pobreza extrema de parte de seus cidadãos, o racismo, a discriminação de classe, o ódio, o militarismo e a guerra. São referências bélicas, de ganância, de doenças sociais graves, de ter a maior população carcerária do mundo, e de ser o furacão da decadência do capitalismo selvagem.
Não se trata de condenar uma nação. Mas, cuidado! Ela anda com a mão no coldre!