"A vida é de quem se atreve a viver".


Lúcia Iwanow: “Devemos esse estado de coisas aos homens e mulheres ditos de bem, simpáticos, caridosos, religiosos, os nazi-fascistas proverbialmente cordiais”.
Acerto de contas

Lúcia Iwanow (*) –

A hora do acerto de contas chegou mais cedo do que se pensava e alguns devem ao Brasil, no mínimo, um tardio pedido de perdão por terem levado o País, seu povo e a eles próprios à sordidez e ao desespero que hoje vivemos. Tempos de trevas que levaremos tempo para superar.

Primeiramente, responsabilizemos aqueles e aquelas que consideraram que não era nada grave votar num político racista, violento, homofóbico, machista; um ser inculto, desqualificado e despreparado; que faz apologia do estupro, da violência; que defende ditadura e tortura; que defende a supremacia branca; que defende a morte dos mais vulneráveis, como favelados, índios, mulheres, negros, crianças, idosos, deficientes; que é contra tudo que lembre igualdade e direitos; que é contra os serviços públicos de saúde, educação, energia, num país de desempregados ou subempregados; que é contra ciência, educação, pesquisa, tecnologia; que odeia solidariedade entre os povos, civilidade, cultura e civilização; que incentiva e apoia a destruição da natureza; que permite envenenar as pessoas com agrotóxicos proibidos no mundo todo.

E ele, o presidente sociopata, só está fazendo o que prometeu durante o tempo todo em seus quase 30 anos inúteis de parlamentar. Então, não se pode se fingir surpresa diante da barbárie que ele instalou no Brasil.

Não acharam, ainda, que era irresponsabilidade colocar na Presidência da República alguém que levaria o Brasil ao estado de colônia dos Estados Unidos; ao status de república evangélica neopentecostal, com todo o atraso que isso implica.

Tudo bem votar numa pessoa que sequer disse qual era seu plano de governo. Um cara que só pregou ódio e atraso. Um cara, comprovadamente, envolvido em tudo o que é tipo de crimes. Um miliciano! Ele e a família de delinquentes!

Nazifascistas cordiais - Mas devemos esse estado de coisas também e principalmente, aos homens e mulheres ditos de bem, pacatos, boa gente, simpáticos, bem falantes, caridosos, religiosos, os nazifascistas proverbialmente cordiais, que acharam e acham que tudo bem tirar uma presidenta honesta, que não cometeu crime algum contra seu povo e seu país:                

- que tudo bem se ela recebeu o tratamento mais indigno, machista e desrespeitoso que se pode dispensar a uma mulher;

- que tudo bem se um juiz rasga a Constituição, lei maior de uma nação, para perseguir um operário, que nada fez de mal ao Brasil, pelo contrário, tirou 36 milhões de brasileiros da miséria e elevou o Brasil ao patamar de nação civilizada;

- que tudo bem se os direitos da classe trabalhadora, que levaram séculos e ceifaram vidas para serem conquistados foram destruídos;

- que tudo bem se o Brasil é um dos países mais perigosos do mundo pra mulheres e crianças viverem;

- que acham normal 1% da população deter 50% das terras de um dos maiores territórios nacionais do mundo; que acumulam terras improdutivas, mas acham que os povos originários não têm direito ao seu quinhão e muito menos, ainda, os que plantam e produzem alimentos saudáveis;

- que tudo bem se o Brasil, ainda hoje, tem a cara das capitanias hereditárias, status a que gostariam de voltar, pensando, sempre, que estarão na casa grande e não na senzala;

- que tudo bem assinar embaixo da injustiça e, ainda, fazer galhofa, porque têm a Lula um ódio de classe sem limites, quando na verdade, não são ricos, não detêm os meios de produção; são apenas sabujos!

- que tudo bem fingir não saber muito bem que se o Papa, Obama, Putin, líderes do mundo inteiro respeitam o operário, é porque sabem que ele não é criminoso, mas vítima da elite mais cruel e atrasada do mundo e que foi preso apenas para não se eleger presidente mais uma vez. Aplaudem a farsa gigantesca!

E, que maravilha, com a raiva de um homem a quem falta um dedo, fazendo eco aos meios de comunicação mais venais do mundo e a pastores vendilhões do templo, elegeram outro a quem faltam cérebro e humanidade.

Essa gente - Essas pessoas de bem nunca se movimentaram pra punir os verdadeiros bandidos. Nunca participaram de qualquer mobilização por Justiça, por direitos e, agora distribuem textos piegas, falsamente indignados com corrupção, com impunidade, como se não fossem eles mesmos corrompidos pela leniência, pela omissão e pela indiferença.

Defendem, na maior cara de pau, sem sequer saber direito do que falam, condenação em 2ª instância para todos, quando nunca se interessaram por isso, mas agora querem mirar Lula, achando que enganam alguém.

Na verdade, das profundezas de suas mentes obtusas, de suas almas opacas, de sua cultura aligeirada, acham que bandido bom é bandido morto, desde que seja bandido pé de chinelo, favelado, ladrão de galinha, porque foram às ruas junto com os maiores bandidos desse País para impedir qualquer perspectiva de igualdade que vinha sendo construída pelos governos do PT.

“Lutavam contra a corrupção do PT”, um partido que fez 40 anos, num País que tem 520 anos, cuja elite sempre foi de direita e, sim, a mais corrupta do mundo.

Ah, “esquerda e direita são iguais”, “Todos os políticos são iguais”, e baixam o tom de voz revirando os olhinhos, sabendo que estão enganando um interlocutor menos favorecido pela educação, pela informação, pelo discernimento. Igualando todos – honestos e desonestos – no consenso dos iguais na vilania e na mediocridade.

Gente que quer país padrão Fifa, mas sonega impostos. Cheios de deus no coração, não conhecem o sentimento de empatia, que é colocar-se no lugar do outro e sentir sua alegria e sua dor.

O Brasil tem 1% de ricos, que elegem, com financiamento privado de campanha, um Congresso Nacional que lhes defende os interesses. Os omissos e omissas são a massa de manobra desse 1% muito rico, mas não se enxergam, ou se envergonham!

Mesquinhos e cínicos fazem parte daqueles que fizeram de Jesus Cristo, ao longo dos séculos, a figura em nome de quem mais se espoliou, se torturou, se discriminou e se matou.

Genocídio - Agora, vem um vírus que não enxerga se a pessoa é rica ou pobre, mas que, obviamente, matará mais os mais pobres.

E o presidente brinca com a vida de milhares de brasileiros e nos expõe ao mundo como o país mais boçal da terra. Nós, que éramos admirados, viramos párias. Um país de imbecis!

E, com seus aliados, os empresários podres de ricos, considera que tudo bem, o vírus só matará velhos e ainda se dá ao desfrute de receitar remédio que não foi aprovado pela comunidade científica em nenhum outro país!

Um presidente que cometerá o maior genocídio de que se terá notícia nos últimos séculos, deseducando, mentindo, descaracterizando a doença e a tragédia que virá se ele continuar impunemente a infectar, não apenas os corpos, mas as mentes de população desamparada e sem comando.

Tenho medo dessa gente: dos eleitos e de seus eleitores! Nesse momento grave, escutemos os cientistas, os educadores, os políticos e as autoridades que têm responsabilidade com o povo!

E que ele, o presidente boçal e seus asseclas sejam apeados do governo deste país infeliz. Impeachment ou interdição! O que for mais rápido, antes que seja mais do que tarde!

Quem sabe, assim, nos salvemos!
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(*) Maria Lúcia de Moura Iwanow é co-fundadora do Sinpro-DF, da CNTE, da CUT e do DNTE/CUT.

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