O Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou o nome de Júlio Miragaya (61 anos) para concorrer ao Palácio do Buriti nas eleições de outubro. A escolha ocorreu no encontro democrático regional, neste sábado (28/7), no auditório da Câmara Legislativa do DF. Para compor a chapa majoritária, disputando vaga para o Senado, foram escolhidos Marcelo Neves e Wasny de Roure.
Ficou definida como candidata ao cargo de vice-governadora a agricultora familiar e bacharel em direito, Claudia Farinha, a única mulher na chapa majoritária.
Júlio Miragaya e Afonso Magalhães disputaram a indicação para o GDF, enquanto o deputado distrital Wasny de Roure, o jurista Marcelo Neves e o sindicalista Chico Machado compuseram a lista de postulantes ao Senado. Em uma carta escrita de próprio punho, o ex-presidente Lula referendou o nome de Neves na disputa.
Miragaya faz parte de um coletivo interno do PT chamado Diálogo e Ação Petista. Ele presidiu a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) durante a gestão de Agnelo Queiroz.
No encontro dos petistas ficou definido que o partido terá 26 candidatos a deputado distrital, 16 para federal. A divulgação dos nomes para a competição proporcional ficou para depois. Mas o PT antecipou que, dos 16 postulantes à Câmara Federal, oito são mulheres – acima do percentual estabelecido de 30%. O nome mais forte é o da deputada Erika Kokay, atual presidente do PT-DF.
Entre os 26 petistas que irão disputar cadeiras na Câmara Legislativa do DF (CLDF), estão o deputado distrital Chico Vigilante, o ex-deputado federal Geraldo Magela, a ex-vice governadora do DF Arlete Sampaio, o ex-deputado federal e ex-presidente do PT-DF Roberto Policarpo e o distrital Ricardo Vale.
As decisões de sábado (28/7) serão ratificadas na convenção nacional do partido, em 3 de agosto. A formalização dos candidatos ao governo e ao Senado será em 5 de agosto, e o registro no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no dia seguinte, portanto antes do prazo final fixado pela Justiça Eleitoral, que é 15 de agosto.
A indicação do economista Júlio Miragaya foi aprovada por 134 votos dos cerca de 300 delegados ao encontro, em disputa com o também economista Afonso Magalhães, que recebeu 109 votos.
Miragaia é doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável e ex-presidente do Conselho Federal de Economia e da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) durante o governo de Agnelo Queiroz.
“O mais importante desse Encontro Democrático do PT-DF foi a demonstração de unidade, tínhamos 2 candidaturas para o governo e 3 para o Senado, mas todas elas afirmando a importância da defesa de Lula e do PT como grande instrumento de combate aos golpistas e a direita no Brasil e no DF”, diz Miragaya.
Na mesma linha, manifestou-se a deputada federal e presidenta do PT-DF, Erika Kokay. “O partido está pronto para as disputas no DF e no Brasil. O partido vem para defender o legado dos governos democráticos e populares de Lula e Dilma, para defender a democracia, a liberdade e os direitos. O partido vem com unidade e força para disputar o governo federal e o Palácio do Buriti”, disse a parlamentar.
Ao confiar a Júlio Miragaia a tarefa de disputar o GDF, os representantes do partido o incumbiram também de liderar a mobilização da militância petista, dos movimentos sociais e dos ativistas do movimento suprapartidário de resgate da democracia no país.
O PT-DF está encarregado de mobilizar para o ato político que ocorrerá no dia 15 de agosto, em Brasília, para inscrição de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como candidato à Presidência da República.
Diretrizes para o programa de governo
Foram aprovados os três eixos das diretrizes do programa de governo: 1) Combate à desigualdade e à extrema pobreza; 2) Constituição um projeto de desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável; e 3) Promoção da integração regional e metropolitana.
Ao estabelecer o combate à desigualdade social e à extrema pobreza como um dos nortes do seu programa, o PT-DF parte da constatação de que o Distrito Federal é uma das unidades da federação mais desiguais e com uma das maiores taxas de migração, o que acentua a desigualdade. Essa desigualdade se expressa em três dimensões no DF: econômica (grande diferença de renda), espacial (grande diferença de bens e serviços entre o centro, as Regiões Administrativas e os municípios do entorno) e simbólica (grande diferença entre servidores públicos e demais ocupações).
Já a segunda diretriz, cujo foco é desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável, está relacionada ao fato de que parte da desigualdade predominante no Distrito Federal é resultado de uma economia muito dependente do setor público e pouco diversificada. O entendimento é de que o DF precisa se industrializar como forma de desenvolver sua economia e ampliar a oportunidade de emprego e a arrecadação do Estado para promover políticas públicas.
O programa petista está estruturado também na ideia de que só é possível combater a desigualdade e gerar desenvolvimento do DF se for considerada a integração do plano piloto com as demais Regiões Administrativas e destas com as cidades do entorno que formam a região metropolitana do Distrito Federal.
Articulados entre si, os três eixos do programa de governo resultam nas seguintes prioridades:
– Desenvolver políticas de industrialização no DF e na Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entrono (RIDE) como forma de diversificar a economia, ampliar a arrecadação e gerar empregos – o DF e região metropolitana registram taxa de desemprego de 21%, uma das mais altas do país.
– Ampliar investimentos e melhorar a gestão das políticas públicas de mobilidade urbana, saúde e educação, iniciativas que se constituem em alavancas de combate à desigualdade, na medida em que criam robusta rede de proteção social integrada com a RIDE, e de criação de ambiente favorável ao desenvolvimento econômico na medida em que permite condições de capacitação e salário indireto que barateia o custo de vida e o custo da empregabilidade.
Perfil do candidato Júlio Miragaya (foto de Ricardo Botelho)
Júlio Flávio Gameiro Miragaya é carioca do bairro de Bangu, nascido em 1957, filho de pai padeiro e mãe dona de casa. Reside em Brasília desde 1992, atualmente na 413 Sul.
Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável pelo CDS da UnB. Foi assessor na Câmara dos Deputados e Senado e Coordenador no Ministério de Integração Nacional. Foi presidente da Codeplan no governo Agnelo.
Integrou a executiva da CUT-RJ e diversas entidades de classe além de presidir o Conselho Federal de Economia. Militou no movimento estudantil da UFRJ desde 1975. Fundador do núcleo pró-PT da UFRJ e presidente da Zonal do PT-RJ (Inhaúma) em 1980.
Foi dirigente executivo Estadual do PT-RJ. É membro da coordenação do Diálogo e Ação Petista no DF (DAP) e foi delegado ao Congresso do PT/DF de 2017 participando da chapa unitária como um dos delegados da tese Unidade pela Reconstrução do PT.
Perfil do candidato ao Senado pelo PT-DF: Marcelo Neves
Marcelo Neves é Professor Titular de Direito Público da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (FD-UnB), tendo lecionado anteriormente na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco e Faculdade de Direito do Largo do São Francisco da USP, além de passagens pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pelo Instituto Brasiliense de Direito Público.
No exterior, Marcelo Neves lecionou na Universidade de Fribourg da Suíça, Universidade de Frankfurt am Main e Universidade de Flensburg, ambas na Alemanha. Também é professor visitante do Instituto Max Planck de História do Direito Europeu.
Obteve o título de Doutor em Direito no ano de 1991 pela Universidade de Bremen na Alemanha, fez pós-doutorado na London School of Economics and Political Science na Inglaterra e Universidade Johann Wolfgang Goethe na Alemanha.
Fora da área acadêmica, Marcelo Neves ocupou uma vaga no Conselho Nacional de Justiça entre 2009 e 2011 e foi Procurador Judicial do Recife de 1981 até 1996. Tem extensa produção científica na área da Sociologia Jurídica e Direito Constitucional, sendo considerado um dos expoentes do pensamento jurídico brasileiro.