"A vida é de quem se atreve a viver".


Na foto de Francisco Proner Ramos/ Farpa Fotocoletivo, a imagem que diz tudo
A população pobre do Brasil chora a prisão de Lula

Romário Schettino –

Uma angústia tomou conta do Brasil nos últimos dias. Pelo menos uma boa parte da população, sensível aos problemas sociais, humanista e ciente dos direitos humanos do cidadão, não está feliz com essa prisão. Muitos recados foram percebidos nesses dias: ódio ao presidente Lula, rancor dos derrotados nas pesquisas eleitorais e até um certo ressentimento em setores da grande imprensa.

Mas o mais importante é que os pobres, os excluídos, aqueles que lutam por uma sociedade mais justa cerraram fileiras em torno de Lula no momento mais grave de sua vida. As fotos dizem muito do que foi aquele momento após o discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, o berço da história do operário que ousou presidir o Brasil.

Lula deu uma lição no juiz Sérgio Moro. Antes de ser preso, mostrou o quanto é querido e respeitado no Brasil e no mundo. E não é por qualquer coisa. Lula representa tudo o que pode ser feito pelos mais pobres, sem o derramamento de sangue próprio das lutas revolucionárias.

Foi na institucionalidade que Lula e Dilma implantaram as mais importantes políticas de proteção social jamais vistas neste país e em boa parte do mundo. Todas elas estão sendo desmontadas numa velocidade vertiginosa. As gangues que tomaram o poder em 2016 correm para destruir tudo o que foi feito, de tal forma que nesse terreno, devidamente salgado, não brotará mais nenhuma flor, a não ser que o eleito em 2018 assuma o compromisso de aprovar o plebiscito revogatório.

Os cerca de 36 milhões de brasileiros que saíram da miséria absoluta, a retirada do país do mapa da fome da ONU, nada disso está sendo considerado. O microcrédito, uma infâmia. Bolsa Família, para quê? Nem é preciso listar todas as bolsas, essenciais para o equilíbrio social. É por causa dessas ameaças, que as pretas, os pretos, as putas, os brancos pobres choram.

O desmonte ditado pela ideologia neoliberal, que o mundo civilizado já não vê mais com bons olhos, é feito tendo como base a suprema importância do equilíbrio das contas públicas, a privatização de tudo o que se encontra pela frente, a redução do Estado para o mínimo possível e, o pior de todos os crimes, a entrega de todas as riquezas estratégicas brasileiras ao controle do capital estrangeiro.

O poderoso sistema financeiro avança para impedir qualquer iniciativa de industrialização nacional, de desenvolvimento das tecnologias nas universidades brasileiras. A PEC do fim do mundo foi aprovada para isso, retirar todo investimento estatal para quebrar as empresas públicas de ponta e entregá-las de mão beijada aos estrangeiros.

O mundo globalizado, dizem os neoliberais, não tem fronteiras. Mas a miséria sim, está muito bem delimitada no Terceiro Mundo e em alguns países em desenvolvimento.

É por isso que o político Lula tem que ser preso e impedido de se candidatar. Não só ele, mas todos aqueles que representam o mínimo de ruptura e enfrentamento com o nefasto neoliberalismo excludente. A campanha vai demonstrar isso. A esquerda será crucificada nos meios de comunicação em nome de ideologias entreguistas e antipopulares. As redes sociais podem cumprir papel relevante, se os partidos do campo progressista souberem utilizá-las.

Parte da sociedade brasileira, elitista, estimula o individualismo, prega a cultura da violência e mete medo na outra parte ignorante, desinformada e manipulada pelos meios de comunicação.

Dos cerca de 60 programas e projetos previstos pelos governos Lula/Dilma, cito alguns: Mais Médicos; Farmácia Popular; Minha Casa, Minha Vida; Bolsa Família; FIES; Pronatec; Prouni; Ciência sem Fronteiras; Transposição do Rio São Francisco; Reativação do Transporte Ferroviário; Aumento do salário mínimo acima da inflação; Água para Todos; Pontos de Cultura; Vale Cultura; Bolsa-escola; Saúde da Família; MEI Microempreendedores Individuais; BRICS; Projeto Submarino Nuclear; Modernização da frota de aeronaves da FAB com transferência da tecnologia; Pré-sal; Redução de 79% do desmatamento da Amazônia brasileira; Valorização do polo naval; Aumento exponencial do parque eólico brasileiro; Polos de desenvolvimento NE: Suape PE, Pecém CE e Camaçari BA etc etc etc.

Além de tudo isso, o Brasil de Lula e Dilma deixou em caixa reservas de US$ 371 bilhões. Não é pouca coisa.

Mesmo que todos esses programas merecessem mais controle e eficácia para evitar desperdício de recursos, nada justifica seu desmantelamento. Por tudo isso, choram os pobres do Brasil.

Até as eleições de outubro, o país, mergulhado na indignação, manterá na memória o último discurso de Lula antes de ser preso. Lula acendeu o rastilho da esperança ao afirmar que “a história vai provar daqui uns dias que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou e o juiz que me condenou".

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