"A vida é de quem se atreve a viver".


Eleição para a Mesa da Câmara alimenta o toma-lá-da-cá
A prática do cretinismo parlamentar

Romário Schettino -
 
O PT e o PCdoB terão grandes dificuldades para explicar às suas bases por que terão que “esquecer”, ainda que temporariamente, a tese do golpe para apoiar golpistas notórios em troca de posição de destaque nas Mesas da Câmara e do Senado exercendo o cretinismo parlamentar de olho em 2018.
 
O atual dilema dos deputados e senadores petistas e comunistas nestas eleições para presidente da Câmara é o mesmo de 2015, quando Eduardo Cunha se elegeu e acabou por destruir o governo Dilma Rousseff.
 
Gravíssimos erros de avaliação dos petistas, especialmente, e falta de visão para mudar o sistema eleitoral no Parlamento foram os responsáveis pela derrota do paulista Arlindo Chinaglia. Naquele momento, Cunha criou o “blocão” para fazer maioria e engoliu o PT e o governo.
 
Fontes fidedignas dizem que um ex-deputado do PT alertou a presidenta Dilma para o perigo daquela eleição e recebeu como resposta apenas um muxoxo: "Quero ver do que ele [Cunha] será capaz".
 
Dilma pagou pra ver e perdeu o mandato. Naquela época, o PT avaliou mal e jogou Chinaglia na fogueira, ficou sem nenhum cargo na Mesa Diretora e foi derrotado, humilhado e achincalhado por Cunha.
 
A resposta do PT veio no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, mas aí já era tarde demais. Cunha abriu o impeachment e a história todos conhecem de cor e salteado.
 
Depois do golpe parlamentar e a deposição de Dilma, veio a vez de Cunha, mas o caldo já tinha sido entornado. O golpe causou prejuízo para as esquerdas no Brasil, que foi, e continua sendo, imenso e de difícil recuperação.
 
Da mesma maneira que fez para se eleger para o mandato tampão após a renúncia de Cunha, Rodrigo Maia vem de novo pedir apoio aos petistas e aos comunistas para parecer que é democrático e homem de diálogo.
 
Os analistas que acompanham de perto o desenrolar das escolhas dos candidatos alertam para o fato de que o sistema eleitoral nas duas Casas está viciado. Troca-troca de cargos, de favores, campanhas milionárias e  desgaste imenso e desnecessário quando tudo poderia ser resolvido aplicando o sistema da proporcionalidade das bancadas partidárias, sem criação de blocos, no momento da eleição. Simples assim.
 
A instituição Câmara dos Deputados não deveria estar a serviço de um único partido, por maior que seja. Muito menos o Senado da República. O mesmo princípio democrático vale para a Presidência da República. Uma vez eleito, o presidente passa a ser de todos os brasileiros, da Nação.
 
Mas aqui no Brasil tudo gira em torno da governabilidade, do chamado presidencialismo de coalizão. Fórmula também já desgastada e que só gerou prejuízos políticos e econômicos para o país.

O PT conhece bem esse terreno pantanoso, se vai se chafurdar nele sabe o risco que corre.

O PT só não pode errar de novo, como fez a sua bancada na Câmara Legislativa do DF, que escolheu Agaciel Maia e perdeu para Joe Valle.

Resultado: O PT-DF continuou sem espaço na Mesa da CLDF e amarga a pecha de ter apoiado um deputado para lá de suspeito por suas tramas no Senado Federal, quando era servidor de carreira e se meteu nos chamados decretos secretos e outras coisas mais a serviço de José Sarney e seus aliados.

Está na hora de mudar tudo. Falta coragem, ou o quê?

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