Romário Schettino -
Leia também nesta Coluna Brasília e Coisa & Tal: Celina Leão vive seus dias de cão; Cunha preso provoca suspense no Palácio do Planalto; Erika Kokay se defende; III Bienal Brasil do Livro e da Leitura e Debate sobre o futuro do Brasil.
Wasny volta à liderança
O deputado distrital Wasny de Roure (PT) reconsiderou sua saída do cargo de líder da bancada do PT na Câmara Legislativa e avisou que volta, mas só até meados de dezembro, quando o partido escolherá outro nome. “O PT passa por um momento muito complicado, delicado, mas reconsiderei a saída depois de pedidos da Executiva. Também houve um entendimento entre os integrantes da bancada para que haja mais conversa”, explicou Wasny. A saída da liderança havia sido feita pelo parlamentar após falta de acordo dentro da própria legenda. A gota d´água foi a votação do projeto que aprovou a doação e a incorporação de imóveis para tentar cobrir o rombo de R$ 1,2 bilhão no Fundo de Previdência dos servidores do Distrito Federal (Iprev). O distrital apontou uma série de equívocos no Projeto de Lei Complementar n° 74/2016 e no Projeto de Lei n° 1.252/2016 e votou contra a aprovação de ambos. Ainda assim, seus colegas de partido acompanharam a base governista.
Dias de cão para Celina Leão
A presidente afastada da Câmara Legislativa do DF, Celina Leão (PPS), vive seus dias de cão. Ela foi denunciada pelo Ministério Público por estar supostamente envolvida em desvio de recursos orçamentários para empresas da área de saúde. Tudo isso foi tornado público por sua ex-vice- presidente Liliane Roriz (PTB), que gravou conversas comprometedoras de toda a Mesa Diretora da CLDF. O Tribunal de Justiça do DF manteve o afastamento de Celina Leão. O mesmo TJDF absolveu Liliane e o clã dos Roriz em ação por envolvimento deles em negócios escusos com uma construtora e o Banco de Brasília (BRB).
Celina e Liliane eram amigas até recentemente. Aliás, Celina é uma cria política da família Roriz que se desgarrou e passou a se achar em condições de se reeleger presidente da CLDF e, quem sabe, candidatar-se ao cargo de governadora. O tombo desse cavalo em movimento é grande e não vai sobrar muitas costelas para contar a história. Liliane, mesmo absolvida em segunda instância, pode sofrer condenação no Superior Tribunal de Justiça, para onde vai recorrer o Ministério Público.
Cunha preso e terror no Planalto
Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, cassado, algoz da presidenta Dilma Rousseff, é preso por corrupção e transforma-se no novo corvo da política. Ninguém quer chegar perto dele, mas todos sabem que ele está bem próximo, inclusive do presidente Michel Temer, o golpista. Uma delação premiada de Cunha pode abalar a República mais uma vez. A grande imprensa tentar por panos quentes, mas vem gelo por ai.
Erika se defende
A deputada federal, Erika Kokay (PT-DF) lançou nota de protesto conta a "denúncia infundada do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, por suposto crime de peculato e desvio de recursos do Sindicato dos Bancários do DF". Segundo ela, os fatos da denúncia ocorreram cinco anos após a deputada ter deixado o sindicato, entidade que Erika presidiu entre os anos de 1992 e 1998.
“Fiquei extremamente surpresa com essa denúncia. Seguramente o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, não leu o conteúdo do inquérito. Se ele tivesse lido veria que essas acusações, que remontam a fatos do ano de 2003, partiram de uma pessoa desqualificada, feitas por um servidor de meu gabinete após demissão pelo cometimento de violência doméstica", diz a nota.
Segundo a deputada, as "investigações da Polícia Civil apontaram o envolvimento deste ex-servidor com furto de computadores em escolas públicas, além de ligação com o ex-deputado distrital Pedro Passos, responsável pelo financiamento dessas acusações por responder, à época, a um processo por quebra de decoro parlamentar perante a Comissão de Ética da Câmara Legislativa do DF, presidida por mim naquela oportunidade. O processo na Comissão levou o deputado à renuncia de seu mandato".
Em sua defesa, Erika diz ainda que "na Câmara Legislativa, após ampla investigação, um processo por quebra de decoro parlamentar foi arquivado. O próprio Supremo Tribunal Federal também arquivou um inquérito por ausência de elementos que comprovassem a existência de financiamento via “caixa dois” do Sindicato dos Bancários para a minha campanha de 2006. Por isso, tenho convicção de que a verdade e os fatos serão devidamente esclarecidos, até porque nenhuma injustiça é permanente”.
III Bienal do Livro
A III Bienal Brasil do Livro e da Leitura, de 21 a30 de outubro, realizada em Brasília, no Estádio Mané Garrincha, prestou homenagens a uma poeta brasileira, Adélia Prado, e a um pensador português, Boaventura de Souza Santos. Esse evento serviu para discutir temas contemporâneos como deslocamentos de populações, impacto das novas tecnologias na sociedade e afetividade na vida urbana. Segundo o seu organizador, Nilson Rodrigues, "a Bienal é um raro momento de reflexão sobre tudo o que nos inquieta neste momento, como as ameaças ao estado de direito e o regime democrático".
Debate sobre o futuro
Um debate sobre a conjuntura política e econômica e o futuro do Brasil, levou ao auditório Paulo Freire, do Sindicato dos Professores do DF, Gilberto Carvalho, ex-ministro do governo Lula, Alexandre Conceição, da Coordenação Nacional do MST e Antonio de Lisboa Amâncio Vale, Secretário de Relações Internacionais da CUT nacional.
Todos alertaram para a necessidade de unidade das esquerdas para enfrentar o desmonte das políticas sociais dos governos Lula e Dilma e a volta do neoliberalismo. Gilberto Carvalho admitiu que foi um grave erro dos governos do PT não ter promovido a reforma política e a regulamentação da comunicação no país. Para ele, é preciso unir as esquerdas e estimular a ida para as ruas. Gilberto afirmou que "não há como deter o golpe, que continua em curso, sem uma ampla mobilização popular. Estamos numa guerra sem quartel e a perseguição a Lula faz parte dos planos dos golpistas que querem retirá-lo da política. Esses golpistas querem, a passos largos e rápidos, entregar as nossas riquezas às multinacionais estrangeiras, ao neoliberalismo e trazer de volta a miséria para o povo brasileiro".
Alexandre começou dizendo que o MST, antes do governo Lula/Dilma era um movimento de analfabetos, "agora já temos mais seis mil formados na academia". Ele reconhece que Dilma errou na política econômica e na composição de seu ministério, mas que agora é preciso reforçar a Frente Brasil Popular e o grupo Povo sem Medo, para unificar a luta contra o neoliberalismo.
Antonio de Lisboa, que atua na CUT como secretário de Relações Internacionais, disse que a imagem do Brasil é a pior possível no exterior. A decisão de Vladimir Putin em não se encontrar com Michel Temer, segundo Lisboa, só é explicável porque "o Brasil dos golpistas tornou-se um país atrelado aos interesses dos EUA e, por uma questão de segurança, não convém compartilhar nenhum segredo com essa gente".
Esse debate foi promovido pelo Jornal Brasil Popular, que está em sua 19ª edição semanal. Nesse período, foram distribuídos, gratuitamente, mais de 400 mil jornais na Rodoviária do Plano Piloto. O JBP trabalhar em parceria com a TV Comunitária de Brasília (Canal 12 na NET), Sinpro-DF, Sindicato dos Bancários e Agência Abraço.