"A vida é de quem se atreve a viver".


Rollemberg, um governador sob fogo cruzado
Brasília e a crise que não acaba

Romário Schettino -

Brasília, cidade ingovernável. É assim que os politólogos mais honestos tratam a capital da República diante dos descalabros que vemos todos os dias nas páginas dos jornais em relação ao funcionamento da Câmara Legislativa e do GDF. A nova política não passou de uma promessa.

Os deputados distritais estão com sua presidente Celina Leão (PPS) afastada de suas funções por decisão judicial e sob suspeita de malfeitos incontornáveis. A outra deputada Liliane Roriz (PTB), ex-vice de Celina, igualmente envolvida em processos e mais processos por irregularidades.

Enquanto isso, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tenta se desvencilhar de uma greve geral que ameaça sua governabilidade. Os distritais acabaram de revogar um decreto que buscava impedir greve no serviço público com corte nos salários. Uma trapalhada atrás da outra.

A base de Rollemberg é frágil e há muita inabilidade em sua equipe de assessores e secretários para negociar em tantas frentes simultaneamente. A Câmara Legislativa e o movimento sindical são os principais pontos fracos do governador.

Agora, entra em cena o deputado federal Laerte Bessa (PR) com a baixaria usual desse tipo de parlamentar. Bessa ficou irritado porque Rollemberg não quis recebe-lo para falar em nome dos policiais civis do DF que reivindicam paridade salarial com a Polícia Federal.

Bessa, descontente, refugiou-se na tribuna da Câmara e desancou o governador, xingando-o de “safado, bandido, maconheiro, cagão e frouxo”. Rollemberg não só pediu ao PSB para enquadrar Bessa por falta de decoro parlamentar, como solicitou a seus advogados que processem Bessa por calúnia e difamação.

É de se registrar que o PR tem dois distritais: Agaciel Maia e Bispo Renato, que até o momento estavam mais próximos de Rollemberg. Agaciel pode vir a ser, inclusive, presidente da Câmara Legislativa no próximo ano com apoio do governador.

A confusão é geral, já provocou até descontentamento na principal bancada de oposição, a do PT. O líder Wasny de Roure, que tem um entendimento sobre como tratar os projetos do GDF colide com seus colegas Chico Vigilante e Ricardo Vale, que fazem outra leitura da conjuntura. Até hoje não chegaram a um acordo sobre quem deve conduzir a bancada.

Para piorar a situação de Rollemberg, a PEC 241 e a reforma no ensino médio agitam os brasilienses, o descontentamento é geral, várias escolas ocupadas em protesto.

Pode-se dizer, agora que até mesmo a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, conspira para a desestabilização política. Aliás, situação cavada inclusive pelo PSB de Rollemberg, que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff.

Sem querer ser alarmista, tudo caminha para uma calamidade sem precedentes. Ou não, como diria Caetano Veloso do alto de suas incertezas sobre as coisas da vida e da política.

Pelo sim, pelo não, Brasília navega nesse mar turbulento, caminha para o racionamento no consumo de água. E o mais grave, não se vê, nem de longe, uma saída viável para a população que sofre.

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