"A vida é de quem se atreve a viver".


"Hoje eu só temo a morte da democracia"
A missão (quase) cumprida de Dilma

Romário Schettino -

Em cerca de quatorze horas de depoimento, perguntas e respostas, muitas repetições, a presidenta Dilma Rousseff cumpriu papel fundamental neste julgamento do Senado.

Até mesmo seus aliados ficaram impressionados com a sua coragem e capacidade de argumentação. Seus opositores, inquietos, se surpreenderam com sua desenvoltura.

Afiada, deu informações e explicações sobre tudo o que lhe foi perguntado e muito mais. Denunciou o golpe parlamentar e explicou como chegou a essa conclusão. Defendeu uma profunda reforma política, pacto para consulta popular e até mesmo um governo suprapartidário em defesa do Brasil.

Muita gente se perguntava durante o dia: por que Dilma não pensou em fazer esse tipo de debate no Senado antes da abertura do processo? Falta de orientação? Ou será que não imaginava que as coisas pudessem chegar ao ponto que chegaram?

A presidenta estava ciente de sua missão entre os senadores, enfrentou corajosamente seus algozes, defendeu seu governo e explicou a origem dos decretos e das chamadas pedaladas. Esses atos, segundo ela, “não podem ser considerados crimes de responsabilidade em hipótese alguma”.

Dilma já disse que não defende apenas seu mandato, mas a democracia brasileira, que julga ameaçada com este processo. Com a voz embargada disse na abertura: “Hoje eu só temo a morte da democracia”.

Essa ameaça, segundo Dilma, tem origem no papel desempenhado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha que desestabilizou seu governo porque ela não quis salvá-lo da Comissão de Ética com os votos do PT. “Cunha jogou tudo no quanto pior melhor”.

Eis o resumo dessa ópera bufa, protagonizada por Cunha, tendo como coadjuvante o oportunista Michel Temer e os conspiradores do PSDB de Aécio Neves & cia.

O resultado da votação não está dado. É possível que Dilma consiga mais do que os 21 votos obtidos na fase da admissibilidade. O que não se sabe é se ela conseguirá os 28 necessários para o arquivamento do processo.

Nem é certo que Temer conseguirá os 54 votos exigidos para se aboletar no cargo de presidente. O jogo ainda está sendo jogado.

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