"A vida é de quem se atreve a viver".


Dilma no Senado dará o tom do debate
Golpistas entre o impeachment e 2018

Romário Schettino -

O que acontecer nesta segunda-feira (29/8) vai desaguar nas eleições municipais que se avizinham e nas de 2018. Os golpistas carimbados na testa terão que olhar nos olhos de cada eleitor e dizer por que destituíram a presidenta eleita por 54 milhões de votos.

A existência de crime de responsabilidade é questionada por juristas nacionais e internacionais, mas os senadores insistem que há crime e que o conjunto da obra é suficiente para mandar para casa a presidenta.

O presidente, ainda interino, Michel Temer já anunciou que vai desmontar (ele chama de revisão) os programas sociais dos governos Lula e Dilma, vai retomar a privatização desenfreada de FHC e negociar com o Congresso (oferecer cargos) para aprovar o ajuste fiscal em termos neoliberais. Temer é o retrocesso em pessoa. Dizem que é o Nosferatu da política brasileira.

Os movimentos sindical e social se preparam para o embate mais duro de sua história. Correm o risco de sofrer ainda mais com criminalização, retaliações e perseguições.

Os defensores da presidenta Dilma Rousseff e dos princípios democráticos previstos no regime presidencialista, consolidados na Constituição de 1988, se organizarão em frentes parlamentares para dar respaldo à sociedade ameaçada.

A presença da presidenta Dilma Rousseff no plenário do Senado nesta segunda-feira poderá dar o tom do debate e servirá a três propósitos: consolidar sua posição contrária à própria renúncia, defender seu governo e tentar reverter votos para que a derrota não ultrapasse em muito os 54 votos necessários ao impeachment.

As contas, neste domingo, não confirmam os 60 votos pretendidos por Michel Temer, nem os 28 desejados por Dilma Rousseff em seu favor.

Essa indefinição é boa para Dilma, significa que os argumentos das testemunhas transmitidos ao vivo pela TV e pelo rádio foram significativos, embora uma eventual vitória de Dilma signifique uma dificuldade suplementar na relação do Executivo com o Legislativo, que só poderia ser contornado com a convocação de eleições gerais antecipadas. O PT já disse que é contra eleições antecipadas.

O grande papel de Lula nas negociações de bastidor e na presença física no dia do depoimento de Dilma tem sido contribuir para que os votos “sim” não ultrapassem os 54. Isso fortalece o movimento social e sua campanha em favor dos candidatos do PT, e aliados, nas eleições municipais e cimenta seu caminho rumo a 2018.

A Lava Jato é uma constante ameaça às pretensões de Lula. O Ministério Público, a Polícia Federal, o juiz Sérgio Moro e a grande imprensa comercial não darão trégua, embora haja sinais de fadiga na luta pela ética empreendida pelos antipetistas empedernidos.

Visto assim e consolidado o golpe, a tendência é diminuir a ânsia por condenações. O sinal mais visível dessa aposta é o cancelamento da delação premiada do ex-presidente da OAS que, ao ser vazada, atingiu os trazeiros ilustres de ministros do STF, peessedebistas castos, o interino Michel Temer e o universo político brasileiro de A a Z.

Ao mesmo tempo, o processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acionado pelo PSDB com apoio de Gilmar Mendes, deixará de fazer sentido porque isso significaria retirar Michel Temer do governo, já que a ação é contra a chapa Dilma-Temer.

Gilmar, numa leitura bastante conveniente, defende a tese segundo a qual as contas são de responsabilidade exclusiva da candidata a presidente, não do vice.

Em Tempo: Ainda não está claro se o Senado decidirá a questão em duas votações. Em uma, a destituição de Dilma e, numa segunda, se Dilma perderá ou não os direitos políticos por oito anos.

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