"A vida é de quem se atreve a viver".


Protesto em frente ao Itamaraty

Neste sábado, 5/4, a partir das 10h, em frente ao Itamaraty, em Brasília, ato em protesto pela morte do congolês Moïse Kabamgabe. Uma performance denunciará o derramamento do sangue negro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Ativistas do movimento negro e artistas vão encenar o assassinato do jovem congolês Moïse, brutalmente assassinado na última semana, no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Desenvolvida pela artista e produtora Adriana Varela e dirigida pelo diretor teatral José Regino, a performance terá 20 minutos de duração, onde sangue artificial será despejado no solo, ao som de músicas africanas e declamações de poesias antirracismo.

Com forte apelo visual, contendo faixas, cartazes, tambores e música, a encenação representa também os milhares de assassinatos do povo preto no Brasil, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro, fortemente ligados às milícias do Rio de Janeiro e incentivador da liberação do porte de armas e, por conseguinte, dos altos índices de violência que assolam o país.

Ato também na Barra da Tijuca

Por ele (Durval), por elas (Jailma; Kauany); por Moïse e por tantas vítimas de crimes de ódio, ato público neste sábado, 5/4, às 10h, no Posto 8 da Barra da Tijuca (foto, abaixo), no Rio, (em SP, no mesmo horário, no vão do MASP, e em Brasília em frente ao Itamaraty). "Temos que opor os valores da vida à cultura do horror, do desprezo pelo outro, do preconceito. Por um tempo de mais justiça e delicadeza", disse o vereador Chico Alencar (PSOL-RJ).

Agora foi Durval Teófilo Filho, de 38 anos, em São Gonçalo (RJ). Ele voltava apressado do trabalho para ainda encontrar sua filhinha acordada. Um vizinho, sargento da Marinha, assustou-se - "achei que era um assaltante" - e fez três disparos, o primeiro de dentro do seu carro, contra Durval. "Legítima defesa", argumenta. O militar tinha porte de arma e esse crime põe em xeque o preparo que a corporação dá a quem o tem.

"Ele morreu porque era preto. É fácil atirar em um preto mexendo na mochila (Durval pegava a chave do portão do condomínio). É preto, logo é suspeito. Se fosse um branco, nunca aconteceria isso" - diz, desconsolada, a viúva Luziane, que não sabe como contar a tragédia para a filha, apegadíssima ao bom pai, trabalhador querido por todos que o conheciam.

Agora foi também em Glória do Goitá, a 62 km de Recife (PE). Jailma Muniz, de 19 anos, e Kauany Marques, de 18, ambas Silva, foram violentadas e mortas, chocando toda a pequena cidade. Eram meninas graciosas, cheias alegria de viver e... de famílias humildes, vulneráveis. Pagaram por isso. O suposto assassino - a polícia considera que o autor dos crimes hediondos é a mesma pessoa - está foragido.

É bem possível que nesse fim de semana outras atrocidades derivadas de racismo, misoginia ou homofobia aconteçam nesse país, que está naturalizando a barbárie, expandindo o armamentismo e a "cultura miliciana" da raiva e da truculência.

Costumeiramente, quem mata não manifesta sequer arrependimento... E os familiares das vítimas ainda são ameaçados, como é bem o caso de Moïse Kabagembe.

Frente Nacional Antirracista vai ao Ministério Público

A FNA protocolou ação no Ministério Público do Trabalho para ampliar a investigação sobre a situação da relação de trabalho em todos os quiosques na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

A representação conta com a assinatura de 60 entidades do Movimento Negro e foi motivada pelo brutal assassinato do jovem congolês Moïse Kabagambe, no último dia 24

A Frente Nacional Antirracista (FNA), na pessoa da advogada e também coordenadora da Frente, Tamires Sampaio, entrou com uma representação hoje, dia 5 de fevereiro, no Ministério Público do Trabalho (MPT) com a assinatura de 60 entidades do movimento negro para a ampliação da investigação das condições de trabalho em todos os quiosques da orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em especial a de imigrantes e da população negra.

Ele, que morava no Brasil porque sua família fugiu da guerra em seu país, foi amarrado, espancado, torturado e morto.

O objetivo é cobrar explicações e providências e evitar que novos casos como este aconteçam.

Além do Rio de Janeiro, a FNA está presente em atos em outras cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Brasília, Natal, entre outras.

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