A ex-ministra Nilcéa Freire morreu na noite do último sábado (28/12) aos 67 anos, no Rio de Janeiro. Carioca, pesquisadora e médica, Nilcéa esteve à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela também foi a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora na Universidade do Estado do Rio (UERJ), onde implementou o sistema de cotas.
Durante os anos em que esteve no comando da secretaria, Nilcéa defendeu e executou grandes avanços nas políticas públicas voltadas para mulheres. Foi na sua gestão que houve a implementação da Lei Maria da Penha, em 2006.
Nilcéa tinha um câncer no sistema nervoso. O velório será amanhã, segunda-feira (30/12), na Capela Ecumênica da UERJ, às 10h. A ex-ministra deixa dois filhos.
Pelas redes sociais, políticos lamentaram a morte da ex-ministra. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) homenageou a pesquisadora. "Sem palavras para a notícia da morte da querida Nilcéa Freire. Triste demais saber que partiu tão cedo. Sempre fez parte das fileiras daqueles que não se acomodam com as injustiças do mundo. Foi ministra das Mulheres, ativista, sempre atuante na causa feminista. Muita falta!", escreveu a deputada.
A ex-presidente Dilma Rousseff também comentou: “Nilcéa foi uma brava lutadora. Deixa grande lacuna em todas as lutas populares e do feminismo brasileiro. Fará enorme falta, mas sua vida servirá sempre de exemplo e estímulo a que continuemos trilhando o caminho da resistência ao autoritarismo, à misoginia e à exclusão social."
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu uma nota de pesar pela morte da ex-ministra e lembrou que atuação progressista de Nilcéa chegou a ser alvo da repressão durante a ditadura:
"O ônus de sua luta por igualdade social também teve vez. Quando mais jovem, Nilcéa chegou a ser ameaçada por órgãos de repressão no decorrer da Ditadura Militar e viveu exilada no México entre 1975 e 1977. Ao retornar às terras brasileiras, não regrediu: a pesquisadora se engajou em movimentos pela redemocratização e começou a atuar como professora do Departamento de Patologia da Uerj e, em paralelo à prática acadêmica, representou os docentes em diversos conselhos."
Em nota oficial, o Partido dos Trabalhadores lamenta o falecimento da ex-ministra Nilcéa Freire:
Eis a íntegra da nota do PT:
“O Partido dos Trabalhadores lamenta o falecimento da companheira Nilcéa Freire, ex-Secretária Especial de Políticas para as Mulheres do governo Lula. Nilcéa faleceu no Rio de Janeiro neste sábado (28/12).
Nilcéa Freire fez do Brasil uma liderança na área de políticas públicas para mulheres, tornando-se referência. Ela também atuou como médica, professora, pesquisadora e reitora da UERJ.
Como secretária, realizou a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que reuniu mais de 120 mil mulheres de todo o país e, em consequência dessa mobilização, publicou, no final de 2004, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
Sob sua condução, foram implementadas as mais relevantes políticas públicas voltadas às mulheres da história do Brasil até o momento.
Mulher de luta até o fim, Nilcéa Freire deixa plantadas as sementes daquilo que lutamos para ver florescer: a militância feminista brasileira.
Nilcéa Freire, Presente!”.