"A vida é de quem se atreve a viver".


Marilene Grama, na peça "Minhas Queridas", que encena cartas de Clarice enviadas às suas irmãs
Homenagem aos 100 anos de nascimento de Clarice Lispector

Inspirada no livro homônimo, a peça Minhas Queridas, baseada em cartas da escritora Clarice Lispector, encerra temporada on-line e gratuita neste fim de semana, com sessões na sexta, 26/3, às 20h, sábado, 27/3, e domingo 28/3, às 19h. Depois da sessão, o público poderá participar de um chat sobre a adaptação e a obra da escritora com convidados especiais.

A montagem é uma homenagem à escritora nascida no dia 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia, mas que se mudou para o Brasil ainda criança. O espetáculo reúne trechos das cartas íntimas escritas por Clarice Lispector para as irmãs Elisa e Tânia, durante os 15 anos em que viveu no exterior, acompanhando o marido, o diplomata Maury Gurgel Valente.

Na correspondência trocada com as irmãs, ela descreve "um mundo de representação" e descreve sua insatisfação no papel de “esposa de diplomata". O período deixou marcas profundas e transformadoras na vida da escritora, que morreu precocemente aos 57 anos, deixando um vasto legado de contos, crônicas e romances.

A peça é uma realização da Cia. de Teatro Diversão e Arte, com direção e dramaturgia de Stella Tobar, direção musical e trilha sonora original de Sérvulo Augusto, cenário de Kleber Montanheiro e figurinos de Carol Badra.

Marilene e Simone interpretam duas atrizes que estão montando uma peça sobre essa conturbada fase da vida de Clarice Lispector.

Sobre o espetáculo

Minhas Queridas reflete a angústia da escritora dos 24 aos 40 anos, período em que ela viveu no exterior, ao lado do marido. Foram 15 anos de correspondência com as irmãs, que moravam no Brasil. Nas cartas, a genial escritora expõe as lembranças e ressentimentos em relação aos pais e as consequências da emigração forçada, durante a guerra na Ucrânia; as angústias em relação à sua produção literária, a maternidade e o papel que Clarice representou no ambiente diplomático frequentado pelo marido.

O texto revela uma experiência crucial na vida dessa mulher ucraniana, judia, naturalizada brasileira, trazendo à tona reflexões inspiradoras e profundamente humanas, capazes de emocionar os amantes da escritora e estimular o interesse de leigos em relação à obra clariceana.

Como parte das comemorações do centenário de nascimento da escritora, o espetáculo foi encenado em janeiro do ano passado, no Sesc Pinheiro, com lotação esgotada em toda a temporada.

Em 2018 foi contemplado com o PROAC - Edital de montagens inéditas, da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa e em 2019 percorreu 10 cidades do interior de São Paulo. O projeto de levar o espetáculo para outras cidades acabou abandonado, por conta da pandemia da Covid 19.

"Nossa homenagem aos 100 anos de nascimento dessa genial escritora não poderia ser interrompida de maneira tão traumática. Por isso, mesmo sem as sessões presenciais, longe do calor do público, decidimos retomar o espetáculo e fazer as adaptações necessárias para resgatar parte do legado literário de Clarice, usando as ferramentas possíveis em tempos de coronavírus”, observa o diretor de produção, João Luís Gomes.

Para a diretora Stella Tobar, transmitir uma narrativa tão intimista como Minhas Queridas, em formato on-line, sempre será um desafio. "Estamos aprendendo como o teatro pode dialogar com essa plataforma e a linguagem audiovisual. A filmagem prioriza planos mais próximos e conduz o olhar do espectador para que a beleza contida nas cartas seja transmitida com a mesma potência e profundidade", acrescenta.

"Entrar em contato com a intimidade de Clarice Lispector por meio de cartas tão pessoais, as quais ela jamais imaginou que chegariam ao público é um deleite e uma responsabilidade ao mesmo tempo, quando a proposta é adaptá-las ao teatro. O período em que as cartas às irmãs foram escritas tem dores e delícias, e acho que o espetáculo opta por mostrar preferencialmente o momento difícil de uma escritora em adaptação à vida fora do país e sua dificuldade em escrever em meio às circunstâncias. Esse recorte foi uma escolha minha, o que mais me tocou na biografia dela nesse período", lembra a diretora.
___________________
Temporada on-line:
De 26 a 28 de março
Sexta às 20h - Sábado e Domingo às 19h - Gratuito
Todo dia um bate-papo sobre Clarice Lispector, após o espetáculo
Mediação de Stella Tobar
26/3 - Com a participação das atrizes Marilene Grama e Simone Evaristo
27/03 – Nádia Batella Gotlib - Escritora e biógrafa de Clarice Lispector
28/03 – Paulo Flores - Diretor, ator e fundador da Tribo de Atuadores “Ói Nóis Aqui Traveis”, de Porto Alegre
Transmissão pelo canal no YouTube da Cia. de Teatro Diversão &Arte www.youtube.com/channel/UC4ExQTVrr_CAxZOgLi1-50w Facebook - Cia. de Teatro Diversão & Arte - www.facebook.com/teatrodiversaoearte Sigam no Instagram - @teatrodiversaoearte - www.instagram.com/teatrodiversaoearte
________________

Ficha Técnica
Direção e dramaturgia
: Stella Tobar
Elenco: Marilene Grama e Simone Evaristo (na foto, acima)
Direção musical trilha original: Sérvulo Augusto
Direção da filmagem: Thiago Vasconcelos
Cenário: Kleber Montanheiro
Figurinos: Carol Badra
Desenho de luz: Adriana Dham
Vídeos: Stella Tobar
Fotos: Eduardo Petrini
Logo do espetáculo: Marcelo Tobar
Operação de luz: Júlio Avanci
Operação de som e vídeo: Stella Tobar
Diretor de produção: João Luís Gomes
Realização: Cia. de Teatro Diversão & Arte
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Você não tem direito de postar comentários

Destaques

Mais Artigos