Romário Schettino –
Nestes tempos de quarentena obrigatória, nada melhor do que atividades culturais, terapêuticas e artísticas dentro de casa. A performer Tania Alice, professora de performance da UniRio e coordenadora da plataforma Performer sem Fronteiras, criou um grupo virtual bastante sugestivo e criativo.
“Com o confinamento, tomei a iniciativa de criar o grupo virtual Performance durante a Quarentena no Facebook, onde artistas propõem e realizam desafios semanais na linguagem da performance”, explica Tania.
“Toda semana, um artista novo propõe uma ação em foto, vídeo, que os outros membros do grupo realizam em suas casas e compartilham em seguida. A ideia é focar a mente em atividades criativas, o que ajuda a manter a imunidade em alta e previne a ansiedade e a depressão, comuns nesse tipo de contexto”, conclui. O link do grupo é: (clique aqui).
Tania explica que o primeiro desafio que propôs aconteceu no dia 18 de março e se estendeu até o dia 25. E tinha o seguinte objetivo: “Inspire-se de uma pintura clássica que envolva janela(s) e faça uma foto-performance, adaptando-a para a sua realidade atual. Poste aqui a tela original e a sua adaptação”. Em seguida, ela nomeou Juliana Liconti para inventar o próximo desafio semanal. O Desafio 2, proposto por ela foi o seguinte: "Faça um vídeo de até 1 minuto desfilando os melhores modelitos da quarentena".
O próximo desafio, a convite de Juliana, será anunciado por Sandra Nunes, e assim por diante. O grupo está aberto a qualquer pessoa que queira experimentar, semanalmente, a criação em performance com desafios coletivos.
"Pode surgir do grupo a ideia de uma exposição virtual na pós-quarentena, tendo em vista a grande qualidade e criatividade dos trabalhos compartilhados", acrescenta Tania.
Em ação desde 2015 no Brasil, Performers sem Fronteiras está vinculado a um projeto de pesquisa institucional, coordenado pela artista e pesquisadora Tania Alice, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Legalmente, é uma Associação Artística fundada na França, com base numa Lei de 1901.
Performers sem Fronteiras é uma plataforma que reúne performers de diversas nacionalidades que realizam projetos artísticos, culturais e terapêuticos com e para vítimas de traumas de choque (conflitos armados, migrações, guerras, catástrofes naturais), ou traumas de desenvolvimento (pessoas idosas, doentes, internadas em hospitais psiquiátricos, asilos, órfãos, vítimas de regimes ditatoriais ou sofrendo situações de opressão específicas, entre outras situações).
A Associação, aberta a performers que atuam nessa mesma linha, também conduz ações de pesquisa, de formação e de apoio nos setores artístico, social, ecológico e terapêutico, junto a populações diversas. O grupo trabalha principalmente no Brasil, mas já realizou intervenções no Nepal - após os terremotos; em Bruxelas - após os atentados; na França, com doentes terminais e uma unidade de cuidados paliativos; no Haiti, no Togo, entre outros.
Tania acredita na ideia da arte como saúde, como cura. Todos os envolvidos em projetos participativos, segundo ela, promovem a saúde no sentido amplo. Mais informações sobre o trabalho da Associação podem ser encontradas no site (clique aqui).
Além de performer, Tania também é terapeuta de Somatic Experiencing (cura do trauma) e instrutora oficial de Yoga do Riso, uma prática que pode ser oferecida para preparação corporal de grupos, empresas e asilos. No ano de 2019, Tania, em parceria com o esquizoanalista Bruno Cuiabano, idealizou o projeto de uma Clínica Somático-Performativa, com um módulo experimental na Unirio para os estudantes, para gerar práticas de saúde e de prevenção da depressão, ansiedade e suicídio – e a meta é expandir a clínica para outras instituições municipais, estaduais e federais e empresas.
Mais informações sobre o trabalho, veja no site de Tania Alice - clique aqui.