O Projeto Re(vi)vendo Êxodos, desenvolvido na rede pública de ensino do Distrito Federal completa 20 anos de realizações. Experiência educacional única que já recebeu vários prêmios ao longo de sua história. Nascido em 2001, por iniciativa da equipe de professores da área de Ciências Humanas do Centro de Ensino Médio Setor Leste, de Brasília, o trabalho ganhou asas a partir de uma visita à exposição Êxodos, do prestigiado fotógrafo Sebastião Salgado.
Segundo Luís Guilherme, coordenador geral do projeto, “a sensibilidade [de Sebastião Salgado] para retratar a dor e o [seu] convite à reflexão nos motivou a estimular nossos alunos a buscar dentro do Distrito Federal as mesmas situações registradas por ele em suas viagens pelo mundo, como: migração clandestina, refugiados políticos, luta pela terra, trabalho infantil, guerras civis, catástrofes ecológicas, invasões, cidadãos sem teto e sem-terra, fome, solidão, violência etc”.
É por isso que Re(vi)vendo Êxodos possui o objetivo de levar aos participantes e, em especial, aos alunos da rede pública, conhecimento intelectual e emocional que seja capaz de gerar cidadãos críticos e provocar processos reflexivos a partir do exercício intelectual e físico da criatividade. “Tem também a função de despertar senso de cidadania e identidade, entendimento de patrimônio e meio ambiente através de experiências reais que os tornam seres humanos mais participativos, responsáveis, sensíveis e amorosos”, conclui Luís Guilherme.
A primeira exposição fotográfica foi promovida em agosto de 2001 no Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, em Brasília. E a primeira Caminhada foi realizada em 2004. “Uma experiência emocional intelectual e física que extrapola os paradigmas em educação a que estamos acostumados. A primeira Caminhada foi realizada entre Brazlândia e Planaltina, cidades existentes antes mesmo da criação do Distrito Federal, e teve duração de sete dias com atividades pedagógicas, culturais e ações de cidadania”, diz o relatório do Projeto.
As Pesquisas de Campo foram iniciadas em 2005, em Pirenópolis. Dezenas de alunos foram levados para conhecer outras cidades e realidades distintas, culturais, patrimoniais e identitárias.
Em 2008, por ocasião do Centenário de Guimarães Rosa, o Projeto passou a estabelecer relação umbilical com a literatura brasileira. A partir daí, todos os anos foram estudadas as figuras mais importantes da construção do imaginário nacional. Essas pesquisas se estenderam às outras artes e áreas do conhecimento. Valorizando a produção cultural criada pelo povo brasileiro que ajuda a entender nossas complexas relações sociais e enorme diversidade identitária.
Dessa forma, a partir de 2009, ficou estabelecido que o Projeto seria sustentado no tripé: Identidade, Patrimônio e Meio Ambiente.
Em 2012, o Projeto foi vencedor do Prêmio José Aparecido de Oliveira, oferecido pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal para projetos que estimulem reflexões e ações de defesa do patrimônio histórico de Brasília.
Em 2015, outro prêmio para o Projeto: Prêmio Rodrigo de Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 2017 foi lançada a primeira edição da revista Caminhos – o Melhor do Brasil. E em 2018, foram dados os primeiros passos para um programa de rádio.
Todo ano, desde 2001, uma exposição fotográfica é realizada como resultado do trabalho realizado. Suyan de Mattos, que atua na cooperação artística do projeto, disse que “de uma produção entre 600 a 800 fotos em cada ano letivo, escolhemos uma quantidade significativa para expor representando a produção dos alunos e participantes. Além do Espaço Cultural Renato Russo da 508 Sul, já montamos exposições na Biblioteca Nacional de Brasília, Shopping Conjunto Nacional, Espaço Cena, Galeria do Templo da Legião da Boa Vontade, assim como nas cidades visitadas pelo Projeto. Inauguramos o ano de 2020 com a exposição do projeto Re(vi)vendo Êxodos no Museu do Divino, em Pirenópolis/GO.”
As exposições sempre contaram com o apoio e a curadoria da fotógrafa Mila Petrillo. Nos últimos anos a curadora de artes visuais Marília Panitz tem contribuído com as montagens. Vídeos, textos e outras manifestações criadas pelos participantes também são expostos.
Agenda 2020:
Museu do Divino, Pirenópolis/GO – aberta até o dia 29/2.
Museu das Bandeiras, Cidade de Goiás/GO - abertura 4/08 às 16h - até 30/4.
NACO/Núcleo de Arte do Centro-Oeste, Olhos d’Água/GO - abertura 5/6, às 16h – até 30/6.
Museu de Arte Moderna, Resende/RJ - abertura 8/8 às 16h - até 30/8.
Centro Cultural Brasil-México, Cidade do México – 2º semestre de 2021.
(As datas estão sujeitas a mudanças por questões pertinentes às instituições envolvidas).
Equipe:
Coordenador geral: Luís Guilherme Moreira Baptista
Consultora de curadoria: Marília Panitz
Consultora de curadoria fotográfica: Mila Petrillo
Cooperação artística: Suyan de Mattos
Escolas de Brasília envolvidas: Centro de Ensino Médio Setor Leste, Centro Educacional do Lago Sul e Centro de Ensino Médio Paulo Freire.