"A vida é de quem se atreve a viver".


Walt Whitman é um dos poetas que serão lidos nesta quarta-feira (11/9), na Casa Thomas Jefferson, em Brasília.
Poesia do Mundo VI – Resistência e diferença

Amanhã, quarta-feira (11/9), às 20h, na Casa Thomas Jefferson (Quadra 906 Sul), em Brasília, apresentação do projeto Poesia do Mundo VI – Resistência e diferença, organizado por Maria Lúcia Verdi.

“Poesia do Mundo” é um projeto pensado para proporcionar ao público o prazer da escuta de poemas em suas línguas nativas, assim como nas recriações proporcionadas por traduções ao português.

Em 2019, Poesia do Mundo VI – Poesia da Resistência contempla a poesia estadunidense do século XX por meio de poetas que representam a resistência e a diferença, questões centrais da contemporaneidade.

Os textos de Walt Whitman (1819-1892), William Carlos Williams (1883-1963), Silvia Plath (1932-1963), Elizabeth Bishop ((1911-1979), Raymond Carver (1938-1988), Allen Ginsberg (1926-1997), Adrienne Rich (1929-2012), Harold Norse (1916-2009), Simon Ortiz (1941), Rita Dove (1952) e Miguel Piñero (1948-1988) serão lidos por onze vozes.

As cinco edições anteriores de Poesia do Mundo foram dedicadas à poesia argentina, chinesa, em língua alemã e francesa. Uma edição especial foi dedicada ao poeta Francisco Alvim por seus oitenta anos. Poesia do Mundo é um projeto idealizado e realizado por Maria Lúcia Verdi, poeta, Mestre em Literatura Brasileira e articulista do site www.brasiliarios.com

Seguem dois poemas da programação, um de Harold Norse e outro de Walt Whitman.

Harold Norse

Primeiro, um poema de Harold Norse, ativista gay, uma das grandes figuras da geração beat, autor do romance Beat Hotel. Seu livro de poemas homoeróticos Carnivorous Saint (1977) marcou época e é elogiado por Camille Paglia.

A seguir, trecho de uma primeira versão da tradução da Maria Lúcia Verdi do poema Let go and feel your nakedness  – Deixe estar e sinta sua nudez:

[…]

Deixa o corpo todo ir, deixe o amor atravessar, deixe a liberdade soar

Deixe sair com gemidos e zonas erógenas, deixe sair com coração e alma

Deixe sair a carne morta das convenções, acorde a carne viva do amor

Deixe sair com os sentidos, levante os proibidos, esqueça falsos ensinamentos e mentiras

Deixe sair as crenças herdadas, deixe sair vergonha e culpa rapidamente

Deixe sair energias esquecidas, entaladas nos músculos e nervos

Deixe sair rígidas regras e papéis, deixe pra lá poses feitas

Deixe pra lá seu ego, deixe sair e se renove e seja livre

Deixe sair a carne morta das convenções, acorde a carne viva do amor

 

Deixe ir neste momento, nesta hora, neste dia, amanhã pode ser tarde

Deixe pra lá culpa e frustração, deixe fluir liberação e tolerância

Deixe sair medos e preocupações fantasmáticas, horas e dias e anos

Deixe pra lá raiva ódio e dor, deixe as paredes contra o êxtase caírem aliviadas

Deixe pra lá orgulho e ganância, mísseis e possibilidades e crenças

Deixe sair a carne morta das convenções, acorde a carne viva do amor

Walt Whitman

Aqui, poema de Walt Whitman, um menino tipógrafo, jornalista, poeta e ensaísta. Em 1855, com Leaves of grass (Folhas de relva) revoluciona a poesia americana e mundial inaugurando o verso livre, utilizando a fala solta e corriqueira do inglês comum. Sua obra é um hino à vida.

Poeta da América, foi um propagador do ideal democrático lutando contra as ideias escravagistas e a discriminação contra as mulheres, pelos direitos humanos, liberdade afetiva e defesa do meio ambiente. Pacifista, foi enfermeiro em um hospital durante a Guerra Civil.

A um ser estranho (Tradução de Geir Campos):

Estranho ser que passas! não sabes com que ansiedade ponho

meus olhos em ti,

bem podes ser aquele que eu andava buscando ou aquela que

eu andava buscando

(isso me ocorre como num sonho),

algures certamente eu já vivi contigo uma vida de alegrias,

tudo é lembrado ao passarmos um pelo outro, fluidos,

afeiçoados, castos, amadurecidos,

cresceste junto comigo, foste menino comigo ou menina comigo,

comi contigo e dormi contigo, teu corpo não se fez exclusivo

nem meu corpo ficou meu exclusivo,

tu dás a mim o prazer de teus olhos, rosto, carne, ao cruzarmos,

tomas-me a barba, o peito, as mãos, em troca,

eu não estou para falar contigo, mas para pensar em ti quando

me sento sozinho ou quando à noite desperto sozinho,

estou à espera, não duvido de que estou para encontrar-te outra vez,

com isso estou por ver que não te perco.

___________________

Serviço:

Projeto Poesia do Mundo

Data: 11 de setembro

Horário: 20h

Local: CTJ HALL – Casa Thomas Jefferson, SEP-Sul 706/906 – Brasília.

Classificação livre.

Entrada franca.

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