"A vida é de quem se atreve a viver".


O livro "Ansia Eterna", de Júlia Lopes de Almeida, faz parte da Coleção Escritoras do Brasil do Senado Federal.
Bienal do Livro-Rio relança “Ânsia Eterna”, 116 anos depois

Nilo Bairros –

Depois de 116 anos de sua publicação original, o livro "Ânsia Eterna", de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), será relançado amanhã, sexta (6/9), às 19h, na XIX Bienal Internacional do Livro – Rio, Auditório Lapa, no Pavilhão Verde – Riocentro. E contará com a presença do neto da escritora, o arquiteto Cláudio Lopes.

Este é o segundo volume da Coleção Escritoras do Brasil editada pelo Senado Federal. A coleção é uma homenagem a mulheres marcantes na literatura nacional, mas que não tiveram, à época, o reconhecimento merecido. É o caso de Júlia Lopes, romancista, contista, teatróloga, que, por ser mulher, não conseguiu entrar para a ABL. Em seu lugar, assumiu a cadeira n° 3 seu marido, o jornalista Filinto de Almeida, que ficou conhecido como acadêmico consorte, ele próprio um reconhecedor de que o assento era em homenagem à esposa.

Júlia Lopes de Almeida (foto abaixo) integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da ABL. Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade, elaborada por Lúcio de Mendonça. Na primeira reunião, porém, seu nome foi excluído. Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que lhes servia de modelo. O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5.

Com maestria na descrição da ambiência de cada conto, Julia Lopes de Almeida nos conduz entre salões, paços e praças até nos surpreender com desfechos que empurram o leitor para o próximo e o próximo título.

Assim é Ânsia Eterna, livro originalmente lançado em 1903 por essa que é considerada uma das criadoras da Academia Brasileira de Letras (ABL), mesmo tendo que ceder sua cadeira ao marido.

Com suas 195 páginas e 30 contos reunidos, Ânsia Eterna não é republicada apenas – e isto já seria suficiente – por seu valor para as letras de nosso país. Ao reeditar a obra, o Senado Federal faz justiça à romancista. Um necessário reconhecimento, com atraso de 116 anos, que reforça a importância da promoção de políticas voltadas à equidade de gênero no Brasil.

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