"A vida é de quem se atreve a viver".


A formação instrumental do elenco é composta por duas flautas doces; dois violinos, duas violas da gamba, um cravo e um tiorba.
Ópera barroca estreia no CCBB-Brasília

A ópera barroca Venus and Adonis, do compositor inglês John Blow, que reúne mais de 20 artistas brasilienses, foi criada no século XVII e apresenta um retrato da corte inglesa e de seu rei Charles II. Apresentações de 13 a 18 de agosto, de terça a sábado às 20h30 e domingo às 19h30, no CCBB-Brasília.

Estreando no Brasil como ópera, tendo sido apresentada somente em forma de concerto, Venus and Adonis estreia em Brasília unindo música, teatro e dança. Interpretada por 23 músicos e três bailarinos, a maioria brasilienses, a montagem une a narrativa clássica ao mundo contemporâneo.  

Dirigida por quatro artistas de longa experiência e destacada atuação na capital brasileira, a ópera leva para a cena a obra do organista barroco John Blow (1649-1708), executada em texto original. A novidade é que a versão brasileira dialoga com a cultura contemporânea e com as novas possibilidades tecnológicas. Para isso, mescla diversas matrizes de expressão cênica, ao mesmo tempo em que preserva fidelidade às características originais da peça.

Composta em 1682, Venus and Adonis é o mais antigo exemplo de ópera inglesa e às vezes é classificada como “masque” (uma espécie de semi-ópera, como também King Arthur, de Henry Purcell). As masques serviam para entretenimento dos reis e se enraizaram na corte inglesa a partir de Henrique VIII.

A obra satiriza as “aventuras amorosas” do Rei Charles II e de sua corte e faz uma alegoria da relação entre o soberano e seu povo. Adonis seria uma representação do rei e Venus representaria seu povo, caracterizado por uma grande flutuação de ânimos com relação ao governante.

Obra precursora

Venus and Adonis se distingue das demais óperas do período por alguns aspectos. O primeiro deles é o fato de a obra conter uma ação musical contínua, na qual a trama se desenrola. Outra novidade é o libreto ter sido escrito por uma mulher, Anne Kingsmill, algo raro para a época. Contendo elementos de afirmação feminina, na ópera a personagem Venus assume o controle dos acontecimentos, como aconteceria mais tarde em obras como Carmen, de Merimée, Halévy, Meilhac e Bizet.

Para os padrões da ópera barroca, representada por compositores como Handel e Vivaldi, o formato de masque de Venus and Adonis, apesar de cronologicamente anterior, se mostra mais moderno ao espectador contemporâneo pela descontinuidade dramático-musical. A construção da trama mostra linguagem avançada para a época: desenrola ação musical contínua, com recitativos se transformando em árias, que se tornam novamente recitativos, e assim por diante.

A linguagem musical barroca está carregada de simbolismos musicais, metáforas e espaço para a experimentação. A constante interrupção do tempo dramático obriga a direção a criar estratégias cênicas que mantenham o interesse do espectador durante o espetáculo, o que acaba por originar propostas modernas, fincadas na interação entre diferentes meios físicos e virtuais para a concepção de cena.

Time de ponta

Formado por Monica Monteiro, André Vidal e Cecilia Aprigliano, o Conosco - Coletivo de Criadores é um grupo de artistas envolvidos na criação, produção e execução de espetáculos que contemplam música, artes visuais, teatro, dança e outras manifestações artísticas contemporâneas.

Tem como elementos-base as músicas renascentista e barroca, também se aventurando pela música dos séculos XX e XXI e pela música popular brasileira.

A ópera Venus and Adonis é a segunda produção do coletivo nessa área - a primeira foi a obra de Adriano Banchieri, da renascença italiana, “Barca di Venetia per Padova”, obra realizada no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília em temporada de sucesso. 

A direção musical de Venus and Adonis está a cargo de André Vidal e Cecilia Aprigliano, músicos eruditos com carreiras nacional e internacional, que também participam como instrumentistas. Vidal coordena o ensaio das vozes; Cecilia Aprigliano, o ensaio do grupo instrumental. A regência do texto musical é de David Castelo, que atuará ainda como instrumentista.

Já o premiado artista brasiliense Gê Orthof assina a direção artística e será responsável pela concepção plástica e pelo cenário da ópera, ficando a direção cênica sob a batuta da renomada atriz e bailarina brasiliense Eliana Carneiro, que também assina a coreografia a ser realizada por três bailarinos.

A formação instrumental do elenco será composta por duas flautas doces; dois violinos, duas violas da gamba, um cravo e um tiorba. Já a formação vocal terá três cantores/solistas, oito cantores no coro adulto e quatro cantores no coro infantil. Juntos, levarão ao palco a concepção moderna da montagem que contextualizará a música renascentista com o olhar do homem do século XXI.

No total, serão 23 músicos, três bailarinos e quatro diretores envolvidos na montagem, e, à exceção de dois músicos e do regente que virão de outros Estados, todos os profissionais integram a cadeia produtiva de arte da cidade. Soma-se, ainda, equipe técnica de aproximadamente 17 profissionais.

O barroco no mundo atual

A ópera barroca ocupa um lugar de relevo na programação dos teatros de ópera da atualidade, um nicho próprio, ao largo do mainstream – por sua vez, constituído pelas óperas da segunda metade do século XVIII e do século XIX, período conhecido como Romantismo. Na ópera barroca, a ação e diálogo acontecem nos recitativos (uma espécie de canto estilizado, que fica entre a recitação poética e o canto propriamente dito). Nas árias, que são as canções, os personagens estão em um tempo suspenso. O público, dessa maneira, ouve o que o personagem está pensando, não necessariamente o que ele está dizendo. Essa duplicidade de tempos torna a experiência da encenação mais instigante.

Ficha técnica:

Direção musical: Cecilia Aprigliano e Andre Vidal

Direção de arte: Gê Orthof

Direção geral: Eliana Carneiro

Regência: David Castelo

Coordenação geral e produção executiva: Monica Monteiro

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Serviço:

Local: Teatro do CCBB Brasília

Datas: de 13 a 18/8, de terça a sábado às 20h30 e domingo às 19h30.

Ensaios abertos com entrada gratuita:

Classificação indicativa: Livre para todos os públicos.

Ingresso: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) – Clientes Banco do Brasil tem desconto de 50% na inteira pagando com Ourocard.

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