Antônio Carlos Queiroz (ACQ) –
Nas últimas semanas muitos conhecidos e conhecidas me contaram ter dificuldades para entender a conjuntura, demasiadamente confusa, arrevesada, caótica, segundo suas expressões.
Uma dessas pessoas confessou que a situação, como a percebe, chega a ser surreal. “O tempo parece escorrer na minha frente como espaguete que passa do ponto, molengo”, disse.
Concordei que há uma boa dose de balbúrdia nos dias que antecedem os idos de março, mas ponderei que o diagnóstico é perfeitamente claro.
Conhecemos as causas do pandemônio, embora sem poder determinar com precisão o prognóstico, por falta do remédio ou, quem sabe, do veneno mais adequado para enfrentá-lo.
A amiga que disse enxergar o próprio absurdo eu tentei convencer de que não haveria saída possível para um quadro que fosse ilógico. A crise, insisti, é real, concreta, tem causas determinadas, e por isso alguma solução surgirá, necessariamente.
Em vez de esclarecer e acalentar, parece que a minha serena reflexão desnorteou e angustiou ainda mais meus confidentes. Soube que um deles sofreu uma crise de pânico. Outra decidiu antecipar a redação do testamento. Um terceiro alugou por seis meses uma casa de praia num trecho quase selvagem do litoral sul da Bahia.
A maior surpresa me veio da aprendiz de Salvador Dalí. Soube que ela andou fuçando no site do Mercado Livre preços de zarabatanas profissionais.