O Natal do Newton

Antônio Carlos Queiroz (ACQ) -

Isaac Newton nasceu no dia 25 de dezembro de 1642, pelo calendário juliano. Se alguém estiver pensando em sabotar o meu comentário, é bom lembrar que a Revolução de Outubro aconteceu no dia 25 de outubro de 1917, também pelo calendário juliano, ou 7 de novembro, pelo gregoriano.

Ora bem, o Newton nasceu no dia do Natal, um pleonasmo. Se você, cristão ou cristã, não quiser levar muita água pro moinho satânico do Crivella, do Malafaia e da Damares, sugiro preparar a ceia da noite do dia 24 para também comemorar o Natal do Newton!

A minha teoria, aliás, é que, depois do São Francisco, foi o Newton quem reinventou a árvore de Natal. Aconteceu exatamente do jeito que eu vou contar!

Em 1665, o Newtinho tinha 23 anos e estudava no Trinity College. Como a peste de Londres já grassava Inglaterra afora, ele resolveu fugir para a casa dos pais, em Woolsthorpe Manor, a 96 quilômetros de Cambridge. Ali, em completo isolamento social, desenvolveu o cálculo, estudou as cores, a luz e o espectro, e ainda por cima decretou a Lei da Gravidade. Foi por isso que chamaram 1666, o ano em que o Newton estava refugiado nas barras da saia da mãe, de annus mirabilis, ano miraculoso. Milagre? Bem, a linguagem religiosa ainda tem peso, né!

Todo mundo sabe que a Lei da Gravidade o Newton deduziu da queda da maçã na cabeça dele. Se tivesse sido uma jaca, nem é bom pensar, ele teria quebrado o coco, e o Universo seria uma bagunça até hoje, com as estrelas, planetas, sofás, cavalos, emas, inhoques e seringas flutuando de maneira espavorida e caótica, que nem acontece agora no Palácio do Planalto e no Ministério da Saúde.

Quando contou a novidade em casa, a mãe do Newton, dona Hannah Ayscough, duvidou. Daí o rapaz correu ao quintal, cortou um pinheirinho, catou uma dúzia de maçãs, as mais vermelhas, descolou um rolo de barbante e, pacientemente, amarrou as frutas na árvore. “Viu, mãe?”, disse o Newton, orgulhoso também porque a árvore da Natal já estava montada.

Obviamente, dessa vez, as maçãs não caíram no chão, seguras pelos barbantes retesados, outro fato de transcendental relevância na história da Física pois, séculos depois, daria inspiração para a Teoria das Cordas.

Como estou sem tempo para contar esse último dislate, resta dizer, para concluir, que a Damares, a ministra terrivelmente evangélica, tentou uma apropriação cultural da história do Newton com a narrativa tropical da visão de Jesus na goiabeira. Sem graça! (Evitei aqui o tabu da palavra "desgraçada")

Ah, sim! O termo Christmas é derivado do inglês antigo Crīstes mæsse (Christ Mass). Por isso estou pensando em criar um nome pra festa do Newton, juntando massa com o nome dele. Se bem que esse nome já tem ton, de tonelada. Sei lá! Vou trabalhar um pouco mais na minha forja de palavras e histórias do álcool da Velha.

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