"A vida é de quem se atreve a viver".


FHC e Lula, mesmo com divergências, almoçam juntos e pensam no futuro do Brasil (Foto: Ricardo Stuckert)
Encontro FHC-Lula esquenta semana na política

Romário Schettino –

A semana que passou foi marcada por acontecimentos relevantes para a política nacional. Primeiro, acordamos com a operação da Polícia Federal contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a tentativa do Procurador Geral da República, Augusto Aras, de reverter a ação porque não teria sido ouvido. Detalhe não ignorado pelo ministro Alexandre de Moraes, que mandou informar à PGR assim que fosse cumprida a diligência.

Depois, passamos dois dias assistindo ao constrangedor depoimento do general, ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na CPI da Pandemia. As mentiras e contradições serão exibidas na próxima semana, mas já se sabe de antemão que Bolsonaro saiu dessa mais queimado do que quando entrou na história.

O desespero de Bolsonaro aumenta a cada semana que passa. As pesquisas de opinião, que dão Lula na frente no primeiro e no segundo turno das eleições de 2022, arrepiam os cabelos do negacionista mor, que tenta colocar o seu bloco, cada vez menor, na rua. Amanhã, 23/5, tem desfile de motoqueiros entre Copacabana e Barra da Tijuca.

Jean Wyllys – De Barcelona veio a notícia de que o ex-deputado Jean Wyllys deixa o PSOL para se filiar ao PT. Jean está exilado na Espanha desde final de 2018, quando renunciou ao seu terceiro mandato diante das graves ameaças de morte que sofreu durante a campanha eleitoral. O ato de filiação ao PT será feito on-line. O sectarismo de setores do PSOL tem criado dificuldades na formação de ampla aliança para derrotar Bolsonaro. Talvez, por isso mesmo, o próximo a deixar o PSOL seja o deputado federal Marcelo Freixo. A ver.

Lula e FHC – Mas o acontecimento mais simbólico e importante foi o encontro entre Lula e Fernando Henrique Cardoso. A foto divulgada, feita pelo Ricardo Stuckert, traduziu bem o momento, ambos usando máscaras e cumprimentando comme il faut, com um breve toque de punhos cerrados.

O almoço foi na casa do ex-ministro Nelson Jobim, amigo em comum, regado com uma avaliação do cenário político nacional e a convicção de que é preciso derrotar Bolsonaro em 2022 e varrer o bolsonarismo da política brasileira. O Jornal Nacional da TV Globo deu ampla cobertura e repercussão.

Alguns tucanos e Ciro Gomes não gostaram do encontro, mas a maioria dos que pensam um pouco mais além do próprio umbigo entendeu que a reunião FHC-Lula não elimina a possibilidade de PSDB e PT terem candidatos próprios num primeiro momento. Ambos têm certeza de que num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro ninguém vai para Paris. A não ser Ciro Gomes, que ainda não entendeu o seu papel no novo cenário político com Lula liderando as pesquisas com larga margem de diferença. Até o PDT, partido de Ciro, discorda dele nessa estratégia.

FHC e Lula já estiveram juntos em muitos momentos da história. Os projetos econômicos continuam distantes, mas nada que a disputa civilizada não possa resolver. A pandemia está ensinando aos tucanos que a proteção social não é só obrigatória como tem que ser ampliada, e que o Estado mínimo é uma ilusão neoliberal que está sendo superada pelos fatos.

Lula continua, como um ímã, atraindo todas as forças possíveis e imagináveis. Está conversando com as esquerdas, com o centro e até com parte da direita civilizada. A Gália nordestina segue firme na resistência. Flávio Dino cansou de ser atacado e mandou multar Bolsonaro por desobedecer as regras sanitárias no Maranhão.

Em 2022 há vagas suficientes para atender todos os tipos de composição que garantam a tão sonhada governabilidade. Legislativo (Senado e Câmara), governos estaduais e composição ministerial são os esteios do presidencialismo brasileiro. Lula, já experiente, sabe onde pisar com mais segurança.

Aguardemos mais emoções na próxima semana com o depoimento da “capitã cloroquina”.

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