Romário Schettino –
O recente ataque do presidente Jair Bolsonaro à ex-presidenta Dilma Rousseff é de deixar corado de vergonha todos os brasileiros. Está cada vez mais claro que o Brasil tem um fascista, um sociopata no governo. E corrupto, segundo o consórcio global de jornalistas investigativos – Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) - leia nota ao final deste artigo.
A definição mais simples diz que a sociopatia é um distúrbio mental caracterizado pelo desprezo por outras pessoas. Ou, ainda, segundo os especialistas, é característica de “quem tem transtorno de personalidade antissocial, costuma mentir, infringir leis, agir impulsivamente e desconsiderar sua própria segurança ou a segurança dos outros”.
Pandemia - O comportamento de Bolsonaro em relação à pandemia cabe muito bem nessa definição. O presidente simplesmente “desconsidera a segurança dos outros”. Não está nem aí para os quase 200 mil mortos pela Covid-19. E o pior é que ninguém se move para detê-lo antes que seja tarde demais. Bolsonaro tem que ser afastado da presidência a bem do serviço público e da decência.
Ao cobrar de Dilma a comprovação de que fora torturada pela ditadura brasileira, de maneira debochada, o presidente, além de misógino, comete crime de lesa humanidade. Não é admissível que uma autoridade tenha o direito de desprezar os princípios humanitários e permanecer ileso.
Em nota publicada em seu blog, Dilma disse que o presidente “Bolsonaro tem índole de torturador. Quem não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro”. Na GloboNews, Otávio Guedes, classificou o ato do presidente como uma “canalhice”. A jornalista Miriam Leitão, no O Globo, o chamou de "mensageiro da morte".
A indignação veio de todos os lados, amigos e adversários políticos de Dilma não suportaram ficar em silêncio diante de tanta vilania.
Dignidade - O ex-presidente Lula afirmou que “o Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade a presidenta Dilma, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá."
FHC, em sua conta pessoal do Twitter, afirmou que 'brincar com a tortura dela (Dilma) - ou de qualquer pessoa - é inaceitável'.
No Twitter, Rodrigo Maia escreveu: "Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade à ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana."
A bancada do PT na Câmara dos Deputados, em solidariedade a Dilma, afirmou que “é inaceitável um presidente da República debochar de alguém que sofreu tortura, um crime contra a humanidade. A atitude do capitão-presidente não condiz com a democracia e nem com o principal cargo da República. Revelou ser um insano amante das trevas e dos abjetos torturadores dos anos de chumbo que mancharam a história do Brasil entre 1964 e 1985”.
Mas é preciso muito mais do que essas declarações. Bolsonaro comete crimes de responsabilidade todos os dias. Agora mesmo o Ministério da Saúde diz que não tem seringa nem agulhas para vacinar a população por absoluto desinteresse com a saúde do povo. O que falta para abrir o processo de impeachment contra Bolsonaro? A eleição da Câmara pode significar algum rumo nesse sentido. É o que se espera das negociações que os partidos de esquerda estão fazendo para eleger uma Mesa que derrote Bolsonaro.
O corrupto do ano
O consórcio global de jornalistas investigativos concluiu o Projeto de Relatório sobre Crime Organizado e Corrupção (OCCRP – Organized Crime and Corruption Reporting Project) e elegeu Jair Bolsonaro como a Personalidade do Ano em Crime Organizado e Corrupção.
Segundo os jornalistas investigativos, o principal motivo da vitória do presidente do Brasil foi o fato de ele ter se “cercado de figuras corruptas, usado propaganda para promover sua agenda populista, minado o sistema de Justiça e travado uma guerra destrutiva contra a região da Amazônia, o que enriqueceu alguns dos piores proprietários de terras do país”.
A OCCRP citou ainda as acusações de envolvimento do clã Bolsonaro com o crime de “rachadinha”, no qual o parlamentar é acusado de recolher salários de funcionários fantasmas do gabinete, mas disse que “os juízes o escolheram por causa de sua hipocrisia — ele assumiu o poder com a promessa de lutar contra a corrupção, mas não apenas se cercou de pessoas corruptas, como também acusou injustamente outros de corrupção”.
Drew Sullivan, editor do OCCRP e um dos nove jurados, afirmou que acusações pairam sobre demais integrantes da família presidencial. São citados o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, ambos do Republicanos.
“A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar do povo.” disse Sullivan.
Para ler diretamente no site da OCCRP e conhecer os nove jurados do prêmio, clique aqui (site em inglês).