Romário Schettino –
Brasília - Para onde vai o Cine Brasília? Pergunta o jornalista Silvino Mendonça em matéria pulicada dia 20/8 no portal Metrópoles. O cinema ficou sem programação por absoluta falta de interesse administrativo. De crise em crise o governador Ibaneis Rocha (MDB) vai tocando o Distrito Federal como bem entende.
No dia anterior (19/8), Ibaneis ofendeu a Câmara Legislativa ao chamar o deputado distrital Fábio Felix (PSol) de “equerdopata”, termo utilizado pela extrema-direita brasileira. O baixo nível atingiu patamares nunca antes imaginado por qualquer político minimamente acima da linha civilizatória.
O chilique do governador se deu por causa da militarização das escolas, decisão imposta goela abaixo de professores e alunos que não aceitaram a medida, como a CEF 407, de Samambaia, e o Gisno (Asa Norte). O secretário de Educação, Rafael Parente, por sua vez, foi demitido por discordar da condução dada pelo governador ao assunto. O fato é que Ibaneis não gosta de discussão, é tão autoritário no Palácio Buriti, quanto Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
"Eu não vou discutir com você, rapaz. A Câmara fique à vontade com seus esquerdistas", disse Ibaneis ao ser questionado por Fábio Felix, que discordou da militarização nas duas escolas que se opuseram à proposta. Em nota divulgada após o episódio, Felix classificou o comportamento do chefe do Executivo como "lamentável e desrespeitoso".
Segundo Félix, “Ibaneis sobrepõe sua vontade aos desejos da população, desrespeita uma votação e joga no lixo a voz do povo quando questionado sobre o resultado das votações nas escolas que rejeitaram a militarização”.
O deputado distrital disse ainda que Ibaneis é um governador que se “encastela e tapa os ouvidos para a divergência, é um exemplo do que tanto tememos em tempos de crise na política: o autoritarismo. A postura absurda do governador aqui na Câmara Legislativa é lamentável e fere gravemente a democracia. Política é diálogo e a truculência é inaceitável!”
A deputada distrital Arlete Sampaio (PT) também lamentou a atitude do governador Ibaneis e disse que “a Câmara Legislativa não é palanque de nenhum partido, muito menos do MDB. É preciso respeitar as instituições dentro do espírito democrático”.
Ibaneis, diante das reações dos parlamentares, resolveu se desculpar, mas não reconheceu o erro, disse ter sido “apenas um pequeno incidente”.
Para piorar a vida cultural de Brasília, o presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente (MDB), não autorizou a premiação da Mostra Brasília no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A premiação era concedida desde 1996. É mais um duro golpe nos realizadores de cinema do DF.
E assim caminha a velha política brasiliense, de marcha à ré, como o Brasil de Bolsonaro.