Angélica Torres -
A poesia brasileira entra amanhã, “oficialmente”, no rol das homenagens do dia dedicado à Mulher. O lançamento da antologia impressa As mulheres poetas na literatura brasileira, no bar-livraria Patuscada, em São Paulo, vai marcar esta posição, e disposição, do antologista, o poeta e jornalista paulista Rubens Jardim, que levou à frente a empreitada de selecionar e catalogar 328 escritoras do país todo e de apresentá-las em uma página, cada. Isto, após um trabalho generoso, de formiguinha gigante, levantado ao longo de anos em seu site e blog e via facebook, aonde ele ia expondo aos poucos a sua garimpagem.
Para viabilizar o projeto e transformá-lo numa caprichada, primorosa publicação impressa, Rubens Jardim contou com a parceria de Linaldo Guedes, também poeta e dono da editora paraibana Arribaçã. Projeto, aliás, que alegrou e muito o coração das mulheres nele expostas. Por que, quem não sabe o quão trabalhosa tem sido a escalada da mulher, no mundo todo, pelo reconhecimento de sua participação em todas as atividades que ela quer, precisa e deve colaborar, ao lado dos homens?
Organizada por gerações que vão desde 1700 até os anos 1980, a antologia põe nomes ilustres, como Dora Ferreira da Silva, Auta de Souza, Barbara Heliodora, Hilda Hilst, Olga Savary, Marly de Oliveira, Alice Ruiz, entre outras, juntos, naturalmente, aos de não famosas nacionalmente e de algumas ainda não publicadas em livro, mas conhecidas via redes sociais.
Jardim se confessa emocionado com a antologia e justifica. “Acaba que ela vem mostrar aos leitores um panorama importante da poesia escrita por mulheres no Brasil, pois, como o critério foi cronológico, podem-se ir acompanhando os desdobramentos, por períodos, de como gerações inteiras registram, em suas diversas vozes, um histórico de liberação, de lutas por direitos reivindicados e pelas mudanças de como isso ocorre debaixo do nosso nariz”.
Como antologista e também curador, Jardim não se apresenta somente um aliado das mulheres poetas. Jorge de Lima andava esquecido, ele observava, quando decidiu organizar um resgate de sua obra, ouvindo diversos escritores e intelectuais e publicando esse trabalho, que, segundo se orgulha, surtiu efeito. Dois anos depois, em 1975, a Mangueira desfilou o seu tributo a esse grande poeta alagoano.
Em maio último, organizou na Casa das Rosas uma celebração aos 50 anos da Catequese Poética, do qual ele próprio foi um importante integrante. Rubens resgatou e promoveu em diversos eventos não só a história do Movimento. Homenageou principalmente o seu fundador, o poeta catarinense Lindolf Bell (1938-1989), que nos anos 1960 saía em peregrinação, pelos palcos universitários e espaços culturais do país, declamando seus poemas e influenciando e impulsionando o surgimento de muitos e muitas, então, jovens poetas.
Segundo Rubens Jardim (na foto, abaixo), muitas das participantes da antologia As mulheres poetas na literatura brasileira confirmaram presença na festa de amanhã no Patuscada, palco de lançamentos e recitais poéticos, de propriedade do editor da Patuá, Eduardo Lacerda, outro guerreiro da poesia brasileira. A noite do Dia da Mulher promete! – esperam o antologista e o editor, além, delas próprias, claro.
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As mulheres poetas na literatura brasileira – Org. Rubens Jardim. Publicação impressa em volume único, de 14cm x 21cm, 354 págs. Reúne 328 poetas de todas as regiões do país. R$ 80. Encomendas no site da Editora Arribaçã. Frete grátis.