Angélica Torres –
Elas não desciam, as lágrimas;
ficavam na moldura
os rasos d'água, riachinhos
pedindo socorro a rio.
Chorar um oceano
se preciso,
livre
como prece
de ave.
Esse vácuo
que entorna
a retorta
é desamparo?
É estado de sítio
em corpo alheio?
A dor do mundo
nos dardos lançados
A onda de mármore
em maré cheia
e todos os beijos
censurados. /
Lábios do silêncio
translúcido, o choro
se oculta no campo
gravitacional do riso
frio.
Ouve-se o coro
dos mortos/
eu ouço/
num mantra
no escuro.