"A vida é de quem se atreve a viver".


Fausto Alvim e R. Schwarz falam do imortal Antonio Candido
Schwarz e Alvim encontram Antonio Cândido na UnB

Maria Lúcia Verdi -

O Grupo de Pesquisa Literatura e Modernidade Periférica da UnB organizou, dias 30 e 31 de agosto, esplêndido encontro sobre a obra de Antonio Candido, Roberto Schwarz e Francisco Alvim, com o fim de homenagear os dois grandes críticos e o poeta, bem como discutir a crítica literária dialética no Brasil.

Participaram professores e estudantes da USP, UnB, UFRGS, UFMG, UFG, UFRJ, IFB, UFRN, bem como da Escola Nacional Florestan Fernandes, renovador espaço educacional criado pelo MST há doze anos.

O que me move a escrever esta nota é, sobretudo, a emoção provocada por escutar os textos de Roberto Schwarz sobre o (de fato) imortal Antonio Candido, assim como os depoimentos do poeta Francisco Alvim.

As valiosas apresentações teóricas, dos distintos professores, confirmaram a linha de continuidade crítica estabelecida há décadas, a partir da obra do autor de Formação da Literatura Brasileira e tantos outros estudos seminais para a análise da cultura e da sociedade brasileira.

A professora e escritora Vilma Arêas, da Unicamp, encerrou o encontro com comentários apropriados e bem humorados sobre a obra de Schwarz e Alvim, trazendo a leitura de poemas do crítico paulista, nascido em Viena. Menos conhecido como autor de poesia e obras de teatro, o livro “Corações Veteranos” de R. Schwarz, influenciou, no entanto, segundo Alvim, a geração conhecida como marginal, dos anos 70.

Temas como “O MST e o direito à literatura” e “ecos do pensamento de Candido na formação intelectual de um jovem sem-terra” foram tratados num seminário que buscou marcar a importância do político e do contexto social na análise literária, conforme a tradição inaugurada, entre nós, por Antonio Candido.

Me comoveram Schwarz e Alvim, especificamente, pela escuta de depoimentos – por momentos, melancólicos - de dois intelectuais ainda comprometidos com um país e um ideal, como o fora Antonio Candido, o último grande desaparecido num cenário nacional deserto de ideologias que encarem nosso desastroso modelo social.

O traço que une esses três intérpretes do Brasil, cada um com seu modo de expressão, além da utopia marxista, é o extremo refinamento crítico, a capacidade de observar a realidade e a produção artística nacional e internacional, dialogando com percepções estéticas e tendências críticas por vezes contraditórias, como diz Schwarz, e, atravessando-as, produzindo obras fundamentais. Algo que também pode ser dito sobre a ensaística e a ficção de Vilma Arêas.

Desde Machado de Assis, do qual R. Schwarz é um dos maiores estudiosos, há essa linha de refinamento crítico que A. Candido soube estabelecer na USP, com a ajuda inicial de Roberto Schwarz e Walnice Nogueira Galvão, de olhar severo e desencantado sobre nossa sociedade, mas também dolorosamente amoroso - algo dialética e visceralmente expresso na poesia de Francisco Alvim.

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