Sandra Crespo -
Da Lapa ao Estácio. A gente refez hoje, ao som de tambores e gritos de guerra, o último trajeto de Marielle Franco. Nem sei quantos quilômetros andamos, mas foi muito. Aguentamos porque éramos uma multidão, muita gente com o mesmo sentimento. Durou umas três horas. Passamos por ruas antigas, ali onde nasceu o samba.
Ruas da tia Ciata e de Ismael Silva.
Ainda existem muitos cortiços por lá, com sacadas de onde as pessoas olhavam, algumas aplaudiam. Teve um casal de idosos que tocou sinos para nós. E a galera na rua se curvou, emocionada.
Chegamos enfim a uma rua que até pouco tempo atrás era anônima, mas que agora se chama Marielle Franco. Não por decisão das autoridades, mas do povo mesmo.
Foi difícil fazer esse trajeto, era muita tristeza e emoção, pés doendo também; mas a vida é assim mesmo. A gente tem de ir fundo na melancolia para ganhar forças e seguir na luta.
Marielle morreu onde o samba nasceu; é irônico.
Engana-se quem pensa que o Brasil é feliz. O Brasil é uma tragédia só.
#MarielleVive #LulaLivre