O protesto contra o aumento das passagens do transporte coletivo do Distrito Federal, mais conhecido como o tarifaço do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), realizado nesta quarta-feira (4/1), na Rodoviária do Plano Piloto, terminou com a cavalaria da PM atropelando manifestantes no Eixo Monumental. Cenas gravadas pelos militantes viralizaram na internet mostrando a correria, gritos, spray de pimenta e toda sorte de truculência.
A presença ostensiva da PM, do Batalhão de Polícia Especial, helicópteros e frota de viaturas, tentou intimidar a movimentação dos estudantes. Baculejos em quem carregava mochilas, apreensão de qualquer material líquido, paus de bandeira fizeram parte da estratégia de impedir a livre manifestação, mas nada disso foi o suficiente para amedrontar os jovens que, por volta das 17h, gritaram palavras de ordem: “Mãos para o alto, 5 contos é um assalto”, “Transporte público não é mercadoria, é um direito” e sairam em caminhada até o Eixo Monumental, onde ocorreram os atos de violência por parte da polícia.
O encontro na rodoviária foi mobilizado nas redes sociais pelo Levante da Juventude e pelo Movimento Passe Livre (MPL), seguidos por centenas de usuários de ônibus e metrô, sindicalistas, bancários, rodoviários. Um eleitor de Jofran Frejat lembrou-se da prometida tarifa de 1 real, feita na última campanha eleitoral. O deputado distrital Raimundo Ribeiro (PPS) também aproveitou para distribuir panfleto defendendo o cancelamento dos aumentos.
O PMDB-DF está na Justiça contra o Decreto de Rollemberg, que terá 10 dias para explicar os motivos da decisão tomada nos últimos minutos de 2016.
Enquanto isso, a crise se instala no GDF. O vice-governador Renato Santana (PSD) foi exonerado do cargo de Administrador de Vicente Pires por discordar do aumento decretado pelo governador Rollemberg.
O clima azedou também na Câmara Legislativa. O presidente Jor Valle (PDT) marcou para quinta-feira da próxima semana sessão extra para debater e votar Decreto Legislativo que suspende o Decreto do Executivo. Rollemberg promete ir à Justiça contra a CLDF se o aumento for revogado.
Setores conservadores da imprensa apoiam a decisão do governador alegando que o sistema é deficitário e tem de ser alimentado com verbas públicas. O governo diz que não tem dinheiro para cobrir a diferença (R$ 600 milhões anuais) porque existem inúmeras isenções de tarifas, inclusive para estudantes que supostamente podem pagar suas passagens.
A Associação Andar a Pé – O Movimento da Gente, que defende o direito dos pedestres, divulgou nota protestando contra o aumento. Andar a Pé considera abusiva a tarifa de R$ 5 e propõe que seja aberto amplo debate público para que se encontre solução mais adequada para a atual crise no transporte público do DF. “Essa situação afeta, inclusive, o direito de ir e vir das pessoas”, diz a nota.