Romário Schettino -
A grande imprensa brasileira está espumando de ódio. A estratégia eleitoral adotada pelo Partido dos Trabalhadores não desce pela garganta de nenhum comentarista político que ocupa as grandes redes do jornalismo tupiniquim.
Esses senhores e senhoras enchem o peito para dizer que é tudo fake, que a ONU não disse o que disse em favor de Lula e que o PT está enganando o eleitor. Todo mundo que apoia Lula ou é um lulista malandro ou é uma besta que se deixa enganar. Só eles sabem de tudo. Até chamaram de “comitezinho” o Comitê de Direitos Humanos da ONU.
Os editoriais dos jornais impressos então, nem se fala. Estão indignados com o “inacreditável apoio do New York Times a Lula”. Será que estão chateados porque o ex-presidente prefere publicar seus artigos no exterior?
O vetusto jornal paulista – Estadão - chamou de “caterva” os lulopetistas envolvidos na defesa de Lula e de seu direito de concorrer. Segundo o jornal, criar confusão seria uma especialidade da “tigrada” (os petistas).
Felizmente, contra a utilização desse termo pejorativo se insurgiu o professor da Unicamp, Caio Toledo, em texto publicado no site Viomundo: “Contra insultos não se pode calar”. Toledo disse que é “difícil acreditar que os editorialistas do bravo matutino desconheçam a etimologia e o significado da palavra”.
Tigrada: “Termo que a aristocracia escravocrata e racista usava para se referir aos escravos que carregavam e despejavam os dejetos humanos (…) como algumas vezes os dejetos acabavam atingindo a pele dos escravos e manchando-os, ficavam marcas de dejetos em forma de listras nas costas dos escravos que faziam o trabalho forçado de recolhimento dos dejetos”.
Aliás, o que mais se vê nos artigos assinados, raras exceções, são ofensas, há muito não se vê debate de ideias. A raiva transparece em cada linha escrita. Parece que certos jornalistas estão escrevendo seus textos com o fígado. Sem argumento, preferem o insulto.
O inconformismo é visível a cada edição. Como não podem esconder as pesquisas que demonstram crescimento da preferência por Lula (37%), 4% a mais desde a última consulta aos eleitores, decidiram divulgar também uma ilegal sondagem que tira Lula da lista de candidatos.
O ódio poderá aumentar se o TSE não julgar o caso Lula antes do início da campanha no rádio e na TV. Tentarão impedir o vice Fernando Haddad de aparecer no programa do PT? Ou deixarão Lula se apresentar aos eleitores, ainda que preso em Curitiba?