"A vida é de quem se atreve a viver".


Peliano: "Esperança de quê? De retorno à democracia, ao enterro de golpes políticos, à limpeza e reforma das regras de conduta da radiodifusão, à construção coletiva de uma nova relação entre a vida política e o financiamento de campanhas partidárias".
Um grito de cólera

José Carlos Peliano - 

Um grito, dois gritos, muitos gritos, milhões de gritos de cólera. De todos nós brasileiros que sofremos os golpes seguidos impetrados pela turba travestida de políticos, monitorados de perto por uma justiça cega, partidarizada, que de uma forma e outra escureceu o horizonte da nação. 

Pelo menos desde a destituição fraudulenta e bandida de nossa primeira mulher presidente, eleita democraticamente.

Não basta ter diploma de alguma coisa, experiência de trabalho qualquer que seja, poses de vestal, majestade ou personalidade, ainda que forjadas, se a figura em questão não tiver a mínima questão de moral, ética e bons costumes desenvolvida, sequer alguma vez pensada ou elaborada, em sua mente vazia de algum legítimo conteúdo social e humanitário. 

Um grito de cólera sim, lá do fundo da indignação fervente dentro cada um pela usurpação do direito constitucional de todos e não somente de um bando desvairado de corruptos, vendidos e comprados por qualquer dinheiro.

Pai, afasta de mim esse cálice! Salve Chico Buarque, símbolo da mais pura dignidade política, ofendida por analfabeto político abestalhado, desculpem a redundância, ao defender seu direito e dever de pugnar pela democracia. 

Ao sustentar seu depoimento em defesa da presidente, bombardeada por um impedimento comprado a benesses, vantagens e poder podre pela comunidade de corruptos e picaretas de toda ordem instalada no Congresso Nacional. Perdoem-me os poucos que honram nosso voto.

A mixórdia está solta no ar. Um Congresso em frangalhos, uma presidência ilegítima, um Supremo de férias e uma turma de procuradores batendo cabeça. 

A maioria de todos eles partidarizada, brandindo bandeiras padronizadas sem a cor vermelha. Ameaçados agora de perderam o bonde e a esperança de se manterem tentando iludir o povo brasileiro.

Ajudados os poderes constituídos nessa ilusão, vista de um olho só, de manhã, tarde e noite, pela mídia impressa dos jornalões e revistas alucinadas e pela rede Globo, a boca do lobo. 

Seus apaniguados repórteres e âncoras televisivos com caras de paspalho e de quarta-feira de cinzas, tem agora que noticiar a contragosto a corrupção por eles mesmos escondida há muito tempo de Temer e Aécio, entre tantos outros da turma.

Se, por um lado, caiu a máscara da Globo em segurar a impostura do golpe político que colocou Temer como plantonista, por outro continuou sendo a preferida no vazamento de informações. Foi-lhe mais uma vez dos corredores da justiça entregue a primazia de defenestrar Temer e Aécio, dois presidentes, o primeiro sem voto, o segundo derrotado, sem mandato, que apoiou o golpe desde o começo. 

Tentou a emissora purgar seus pecados, embora sua alma já tenha sido condenada há muito pela perda contínua de audiência.

O grito de cólera começa a tomar som timidamente também na boca de cada analfabeto político vestido de verde e amarelo. 

O discurso agora é que todo político é corrupto mesmo, um misto de vergonha, arrependimento e razão. Razão? 

Sim, eles se postam ainda como legítimos representantes do combate à corrupção, antes com a cara do PT, agora sem documento.

Esse movimento oportunista de engodo, mentira e desinformação para a opinião pública encorpou-se politicamente para acabar com o PT e seu maior representante, Lula. 

O apoio direto da justiça e da procuradoria geral ajudou a descorar o vermelho. As pauladas contínuas no ex-presidente chegam às raias da perseguição sem tréguas, beirando o ridículo. 

Por conta do fantasma de um triplex sem dono combateram-no diuturnamente enquanto Aécio já carregava nas costas e nas prateleiras da justiça e da PGR malas e malas de denúncias e provas. 

A farsa perdeu os pés também por aí.

A mixórdia política agora caído o pano das faces escondidas já era conhecida há muito pela mídia internacional. Jornais como o El Pais, The Guardian, Le Monde e The New York Times, entre outros, veicularam meses e meses informações sobre a caótica situação política, social e econômica brasileira. 

O mundo sabia melhor o que acontecia aqui do que os golpeados brasileiros.

Os golpistas afundaram a economia, tentaram desarticular as conquistas sociais e enlamearam o cenário político. Uma performance inigualável para um plantonista mordomo de filme de terror, segundo o finado Antônio Carlos Magalhães.  

O que resta agora, daqui para a frente, tem duas pistas: uma o afundamento total da República, a outra a tentativa de sua refundação com o apoio massivo popular. 

Sob a guarda da fé inquebrantável na democracia. Aí, os analfabetos políticos terão que aprender mesmo que a toque de caixa.

Institucionalmente falando, três possibilidades. Uma, a renúncia de Temer e a eleição indireta de mais um presidente plantonista pelo Congresso.

O horror nesse caso é Gilmar Mendes correr por fora. Outra, a abertura de um processo de impedimento pela Câmara dos Deputados. 

Por fim, eleições diretas aprovadas pelo Congresso. Nessa última possibilidade, já existe uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do deputado Miro Teixeira estabelecendo-as simultaneamente para Presidência, Câmara e Senado.

Desafortunadamente, a solução mais rápida e prática, sem o peso de mais desgastes  institucionais, é a primeira, a eleição indireta. 

Para isso, é necessário que Temer renuncie, o que não é fácil porque, em assim fazendo, ele fica sem garantias constitucionais e pode ser preso de imediato. 

Mas acordos sujos por debaixo de panos sujos ainda são possíveis. Pode ocorrer, porém, outro golpe dentro do golpe, quando indicação de nome tramada externamente ao Congresso venha ocorrer.

O problema, nesse caso, é que qualquer solução tenderá a levar à frente o trator neoliberal, tentando acabar com as conquistas sociais e econômicas obtidas ao longo dos governos petistas.

A melhor solução para o golpeado povo brasileiro é a terceira, tal qual o verso da canção “foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não se instalou feito um posseiro dentro de meu coração”. 

Para tanto, temos que ir sorrateiramente minando os canais institucionais com nossa postura, pleito, coragem e força sugerindo, defendendo e lutando por eleições diretas já. 

O Congresso Nacional tem poderes regimentais para tornar o rito de aprovação de qualquer PEC com procedimentos e períodos mais curtos e rápidos. Todos à rua com a bandeira de eleições diretas já!

Somente uma solução política eficaz e imediata pode voltar a restabelecer a esperança ao povo brasileiro. 

Esperança de quê? De retorno à democracia, ao enterro de golpes políticos, à limpeza e reforma das regras de conduta da radiodifusão, à construção coletiva de uma nova relação entre a vida política e o financiamento de campanhas partidárias, à votação aberta das proposições nas casas do Congresso, a manutenção e melhoria dos direitos sociais e previdenciários. 

À defesa da nação brasileira!!!

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