Cristiano Torres –
Inacreditável que estou publicando este texto. Esta é uma história que em verdade eu gostaria de não conhecer. Mas é impossível deslembrar.
Tenho um filho de 6 meses e desde o primeiro dia da gravidez desenvolvi uma sensibilidade inédita, absurda, muito diferente das minhas crenças éticas de até 15 meses atrás.
Da fé intelectual na necessidade da bondade humana, diante dos horrores deste planeta-escola (“Meio Purgatório, Meio Inferno”), surgiu uma angústia pelo sofrimento infantil que vai do meu filho batendo a cabeça no berço às vítimas de guerra de extermínio que se semeiam aos montões na Terra.
Não dá, simplesmente não dá!
Preciso respirar muito para não desejar as piores torturas possíveis a uma pessoa indefinível como esta mulher, Sari Gaspar Costa Real, absolutamente incapaz de amor e compaixão para com uma criança de 5 anos.
5 anos, meu Deus!
Que ser desprezível, que escravo sem mente, uma fundamentalista do conforto, é uma pessoa que se comporta assim com uma criança indefesa como o Miguel, uma criança em busca, desesperada, pelo acolhimento do colo de sua mãe.
Sou filho de hippies, nasci sob a influência da Era de Aquário, quando era criança tinha como ídolos Gandhi e Martin Luther King. É um imperativo categórico, para mim, sempre defender a vida e o amor acima de todas as coisas.
Mas como é difícil, Miguel, como é difícil!
Tento me concentrar em você e no Jorge para encontrar a força e a fé necessárias para ter clareza e ver através das lágrimas.
A força necessária para ter compaixão por seres insuportáveis como esta, incapaz de um simples gesto de responsabilidade que permita a uma criança estar viva e em segurança.
Este planeta não é feito para os fracos, infelizmente. Está aí uma meta para todos. Fazer deste lugar, uma casa segura para todos, principalmente os mais frágeis.
O resto é perfumaria.