Antonio Carlos Queiroz -
Nosso correspondente em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, conseguiu ontem uma exclusiva entrevista-relâmpago (Blitzinterview em alemão) do general Hannibal Mozão, para esclarecer o programa de sua chapa. Sem mais delongas, vamos ao entrevero:
Repórter – A Falha de S. Paulo diz que a campanha do #elenão quer silenciá-lo por causa de suas declarações polêmicas. O senhor prefere ser silenciado com tiro, gás ou estricnina?
General Mozão – Os repórteres da Falha usam táticas maoístas para intrigar as nossas fileiras e espalhar a cizânia. Acontece que eu também estudei as táticas de guerrilha do presidente Mao e não me deixarei embair nas tramas dessa guerra psicológica adversa, fomentada pelos comunistas, filocomunistas, criptocomunistas e inocentes úteis.
Repórter – Mas o senhor de fato ofendeu as mulheres e as avós…
General Mozão – (interrompendo) Ah, eu esqueci de citar as sogras! Sogra boa é que nem cerveja, tem que estar geladinha e em cima da mesa.
Repórter – Falemos de outro assunto. Qual é o programa de sua chapa para a mobilidade urbana?
General Mozão – Mulher no volante, perigo constante! Vamos tirar as mulheres do trânsito. Elas devem pilotar só forno e fogão.
Repórter – Qual é o seu programa para combater o racismo?
General Mozão – No Brasil não tem racismo. Quem diz que tem, quando não caga na entrada, caga na saída.
Repórter – E os índios?
General Mozão – Bando de comunistas primitivos da pior espécie!
Repórter – Mas, general, o Marechal Rondon, herói e orgulho das Forças Armadas, os tinha em alta conta!
General Mozão – Ah, esse Rondon era suspeito, por ser neto de índios Bororo e Terena. No fundo era um marxista-leniente!
Repórter – E a pauta para o povo LGBTQI?
General Mozão – Ah, saquei, você está querendo me provocar! Esse negócio de gay é coisa de viado!
Repórter – E a questão do aborto, não seria um problema de saúde pública?
General Mozão – Sou contra! A solução final desse problema é a esterilização em massa obrigatória das mulheres e homens que ganham menos de cinco salários mínimos.
Repórter – Por falar em salário mínimo, o senhor acaba de dizer que é contra o 13º. Por quê?
General Mozão – Porque é coisa de comunista, foi inventado pelo João Goulart em 62. Não é por acaso que o PT escolheu o número 13 como símbolo.
Repórter – Falemos de outro assunto espinhoso, as drogas…
General Mozão – A nossa política para os estupefacientes pode ser resumida numa só frase: as carreiras têm que ser avaliadas unicamente com base no mérito! Fora daí, pau, fúria e fogo!
Repórter – A sua chapa promete implantar um colégio militar em cada capital, e restabelecer a disciplina de Moral e Cívica. Por quê?
General Mozão – Por que o Brasil tem que estar acima de tudo. Em alemão, a gente diria “Brasilien über alles”!
Repórter – O currículo desses colégios incluirá a Teoria da Evolução?
General Mozão – De jeito nenhum! Imagine ficar ensinando para os nossos jovens que o tataravô de Jesus era um macaco, e que a Virgem Maria teve como ancestral uma alga azul velha e desbotada!
Repórter – General, eu sei que o senhor está correndo, mas me permita uma última pergunta: tortura…
General Mozão – Sou a favor, mas só em casos extremos. Quer dizer, nos dedos das mãos e dos pés e, é claro, nas outras extremidades.